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Mostrando postagens de 2007
DISCOS DE VINIL NÃO SALVAM VIDAS? - Discos de vinil não salvam vidas - Bia sentenciou, profana e canalha Nanda abriu os olhos em choque - Não? Como não? - Não, porra. Definitivamente, discos de vinil ou fitas cassete ou ipods ou seja lá o diabo, não salvam vidas. Não. - Você enlouqueceu? - disse Nanda. Bia sorriu um sorriso sinistro, triste, inadequado à felicidade. Adequado ao seu momento. - Claro que salvam. Se você não desistir de se matar ao ouvir Marvin Gaye e Tammi Terrell juntos e cantando apaixonadamente, então não sei o que mais pode te ajudar. - Nhá. Isso é para você, ingênua e esperançosa. - Se eu me fodesse, não me afogaria em etanol barato. Me afogaria em lágrimas ao som de um bom soul dos 60s. Estaria salva. - Que patético. - Você precisa de um choque de realidade. Um choque de vida. Você precisa de cores. = Vai começar. Já te disse para parar - pediu Bia. - Parar nada. Você precisa mesmo. De vida, porra. - Pára de encher. Você está me irritando - disse Bia. - Eu preciso
BANG! YOU ARE NOT DEAD, HONEY. - Quem disse? - ela perguntou a ele, com a voz seca e áspera ao telefone - Você pensa que me conhece, seu pretensioso do inferno? Pensa? - gritou, desesperada. Ele nada respondeu. E a linha ficou muda por breves e eternos instantes. Em total silêncio, mas não por ausência de sinal. A linha simplesmente ficou muda por ausência de verbos e palavras. Ausência de argumentos. Ausência de malícia. Ausência de vontade. Excesso? Apenas de medo e de cansaço. - Quem disse, porra? - ela insistiu - Quem disse? Da onde você tirou esta porra? - Vá e viva e ame! - ele respondeu antes de desligar, em um tom baixo, quase inaudível, quase infantil, porém doce e generoso. - Filho da puta - ela berrou, jogando o telefone na cama - Filho da puta. Babaca. E, aflita, começou a andar de um lado para o outro do quarto, como se quisesse correr. Como se pudesse fugir. Veloz e trôpega, porém descoordenada, sem saber o que fazer. Sem saber para onde ir. E suas mãos trêmulas acenderam
AS GAROTAS CANTANDO SKA E OS ÁCIDOS DE EMILY Emily? Emily? A voz é estridente e alta e cortante. Afiada como os cacos de uma garrafa quebrada. Afiada como uma faca voando em qualquer direção. Voando em um bosque de neblina. E ele está lá. No bosque de neblina. Um bosque psicodélico. Um bosque de delírios. Imagens derretidas e ácidos em alta dosagem. Sentidos dispersos. Perdidos. Inversos. Emily? Emily? A voz é desesperada e drogada. Machuca e faz sangrar. Machuca como os cacos daquela garrafa quebrada lá em cima. Uma bêbada garrafa quebrada. E uma adaga louca voando em sua direção. E ele está lá. Bêbado num labirinto de desejos. Num labirinto de neblina. Num carrossel de delírios. Imagens distorcidas. Ácidos em alta. Emily? Emily? ... Ele acordou suando frio. Perdido. Assustado. Exausto. Emily? Quem era Emily? Ele não a conheceu. Perdeu-se dela no meio da neblina. Não viu o rosto. Não viu os olhos. Não viu o sonho. Ficou parado esperando a adaga, a faca, a garrafa. O suor molhava o len
E POR FAVOR, leiam os contos (a partir de hoje), ao som da canção. Vale a pena... podem apostar (basta apertar o play e se divertir).
O SECAR DAS LÁGRIMAS (É TÃO DOCE) "...it´s getting better all the time..." - Puca cantarolou do nada, para espanto de Lee. - Está? - Lee perguntou, completando na seqüência - E meu Deus, você vai sussurrar esta canção a tarde toda? - Claro que sim - Puca respondeu - Estou feliz, pô. Não vejo o menor problema em expressar isto. - Você é um saco. ...it´s getting better prá lá, it´s getting better prá lá. E peraí porra, isto é Beatles? Certo? - Lee perguntou fast and furious, após cair a ficha. Puca olhou com um ar fake de superioridade para a amiga e com um sorriso quase revelador, apenas assentiu com a cabeça. - Jesus, como você está ficando cafona, Puca - Lee reclamou - O que pode estar ficando melhor nesta porra de dia cinza? Ainda mais ao som de uma banda dos meus pais? - Como você é pesssimista Lee. Caráleo. Como você é pessimista. Você é uma garota tipicamente "quarta feira de cinzas". Um porre não, uma ressaca completa. Você sucks demais. Lee sorriu com a bri
KNOCK DOWN Eu estava lá. De joelhos. E eu sentia o sangue escorrer pela garganta e descer rumo ao estômago. Direto. Sem volta. Sem pudor. Eu estava lá. De joelhos no ringue imaginário. Eu estava lá porque, convenhamos, eu merecia estar. Porrada direta, certeira no queixo. Porrada direta, certeira aonde quer que fosse. E tudo por causa de palavras mal faladas, palavras imbecis que me fizeram perceber como sou velho, idiota, desinteressante e sem assunto. Apenas um ultrapassado. Adolescente tardio e ridículo. Infame. Otário. Por conta disso, eu estava lá, prostrado no ringue, à beira do inevitável nocaute. E não havia ninguém, definitivamente, que pudesse me ajudar. Não aquela hora de um sábado á noite. Não mesmo. Continuei inerte e de joelhos, sabendo-me culpado por falar demais. Culpado por errar demais. Culpado por ter medo. Culpado por ser tolo. Culpado por sentir culpa. Apenas um velho e idiota culpado. E, com certeza, eu sabia naquela noite, que o que ela menos queria era um pedido