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Mostrando postagens de julho, 2005
O EXATO INSTANTE EM QUE VOCÊ SE TORNA APENAS PASSADO PASSADO uma lata vazia um lençol manchado um letreiro de um filme um enterro uma caixa aberta um papel rasgado ela apenas ela... ... - E então? Ainda aqui? A pergunta dele soou dolorida, quase sádica. Uma pergunta perdida em um mar de caos, desordem, dor e desconsolo. Uma pergunta difícil e direcionada a alguém incapaz de saber. Incapaz de responder. E perguntas assim não soam bem. Nunca. Definitivamente não soam como deveriam soar. São perguntas como lascas de pregos enferrujados, repletas de más intenções e vontade de machucar. E, porra, nada tem o direito de ser tão dolorido assim. Ao menos não deveria ter. E ela continuou deitada e mal levantou a cabeça. Seus cabelos longos e lindos, escuros como o mal, pretos como a noite e descuidados como ela, tentavam, em vão, esconder as lágrimas nas quais os seus maravilhosos olhos azuis se afogavam naquele momento, pois, claro, a pior e mais nojenta coisa a fazer naquele exato instante era
HORA DE DERRETER Ela parecia flutuar, muito embora, na real, estivesse totalmente parada e estática naquela cama pequena de solteira. Inerte. Deitada. Imóvel, mas, de alguma forma, livre. Seu corpo parecia querer voar. Simplesmente querer voar para longe dali. Voar para sair daquele quarto pequeno e cheio de tantas lembranças, memórias, medos, receios, drogas, livros, fotos e discos velhos. Ela queria muito sair daquele maldito quarto e ir atrás de algo que realmente valesse a pena. Como a sua própria vida, por exemplo. Não memórias e arrependimentos. A sua vida, perdida e escondida em alguma esquina escura. Deus, como ela queria poder flutuar. Definitivamente ela queria poder voar alto, muito alto. Higher than the Sun. Mais alto do que sol, o céu, o espaço, o infinito. Como num filme de ficção, como num filme de ação. Um filme de arte, um filme pornô, um filme qualquer. Um filme de terror. Um filme B. Um filme fantástico. Um filme real. Mas, enquanto isso, enquanto não era retratada p
QUANDO A CHANCE CAI DO CÉU (OU SEJA, NUNCA SE SABE) Ele entrou no quarto de forma rápida e desastrada, quase mortal, quase suicida, quase nada. Um trapalhão em um filme noir, um filme escuro, filme antigo, filme preto e branco, filme brutal, um filme odioso, o filme da sua vida. Mas, tanto faz, ele detestava cinema. De qualquer forma, ele entrou cambaleando no seu quarto, como se os pés fossem disformes e o precipício, logo ali. Estava completamente molhado pela tempestade que caía lá fora. Molhado da cabeça aos pés. E bêbado. Ele estava bêbado. Totalmente chapado. Bêbado como um idiota. Um imbecil que, como de hábito, havia feito tudo errado. Sempre e sempre e sempre tudo errado. Caiu assim que a porta abriu. Não conseguiu chegar até a cama desarrumada e desabou, sentindo o gosto do assoalho sujo de poeira e de bitucas de cigarros mal fumados. Não se moveu. Aquele gosto era bem melhor do que aquele que pairava em seus lábios desde o começo da madrugada. Comformou-se em estar no chão.
NAMORADOS QUE NUNCA SE BEIJARAM Muito tempo se passou. Muito tempo mesmo. Tempo suficiente para deixá-los tristes. Nostálgicos. Com saudades um do outro. Muito tempo se passou. Tempo suficiente para qualquer mortal. Tempo insuportável para qualquer apaixonado. Mas, no fim, nem sempre melhores amigos são melhores namorados... Ela mal acreditou quando o reencontrou por acaso, naquele café charmoso no centro da cidade, com aroma de hortelã e capuccino. - Você? - perguntou, surpresa, feliz como uma criança, desastrada como sempre ela. Ele apenas sorriu, revelando também toda a sua felicidade, toda a sua vontade, toda a sua alegria - Oi Nanda. Quem apostaria numa coisa destas, não é mesmo? Depois de todos esses anos, de toda essa vida, de todo esse tempo, um reencontro casual e pouco provável... - ...porém, extremamente feliz - ela emendou rápida, arrependendo-se imediatamente da resposta apressada. Ele foi super gentil e sorriu - Claro. E extremamente feliz - ele concordou sincero, deixand