QUANDO A CHANCE CAI DO CÉU (OU SEJA, NUNCA SE SABE)
Ele entrou no quarto de forma rápida e desastrada, quase mortal, quase suicida, quase nada. Um trapalhão em um filme noir, um filme escuro, filme antigo, filme preto e branco, filme brutal, um filme odioso, o filme da sua vida. Mas, tanto faz, ele detestava cinema. De qualquer forma, ele entrou cambaleando no seu quarto, como se os pés fossem disformes e o precipício, logo ali. Estava completamente molhado pela tempestade que caía lá fora. Molhado da cabeça aos pés. E bêbado. Ele estava bêbado. Totalmente chapado. Bêbado como um idiota. Um imbecil que, como de hábito, havia feito tudo errado. Sempre e sempre e sempre tudo errado. Caiu assim que a porta abriu. Não conseguiu chegar até a cama desarrumada e desabou, sentindo o gosto do assoalho sujo de poeira e de bitucas de cigarros mal fumados. Não se moveu. Aquele gosto era bem melhor do que aquele que pairava em seus lábios desde o começo da madrugada. Comformou-se em estar no chão. Apenas virou o rosto e deixou os seus olhos dilatados flutuarem sem foco pelo ambiente. Os pôsteres de bandas punk dos anos setenta não adiantavam nada agora. Ele não era, definitivamente, um guitar hero, quem dera soubesse tocar algum instrumento. As fotos de seu passado não serviam para nada agora, exceto lembrá-lo da sua inaptidão para relacionamentos bem sucedidos. Ele sempre fodia tudo. Seu queixo apoiado ao assoalho imundo doía tanto que provocava cãimbras e uma estridente dormência. Nada que abalasse a auto-estima que não tinha. Decidiu continuar imóvel e inerte, como se fosse parte da mobília. Uma parte feia e inútil da mobília do seu quarto. Não podia ir mais fundo que o chão. Não podia. Chorou como uma criança desesperada e indefesa, ao perceber que ela estava longe demais dele agora. Longe demais. Chorou e rezou por qualquer santo que pudesse escutá-lo. Adormeceu infeliz e sem forças, sem notar a velha secretária eletrônica e sua nova mensagem guardada.
Nova mensagem guardada?
Bem, ao menos lhe foi dada uma segunda chance e quando isso acontece, bem... melhor aproveitar... melhor aproveitar...
Ele entrou no quarto de forma rápida e desastrada, quase mortal, quase suicida, quase nada. Um trapalhão em um filme noir, um filme escuro, filme antigo, filme preto e branco, filme brutal, um filme odioso, o filme da sua vida. Mas, tanto faz, ele detestava cinema. De qualquer forma, ele entrou cambaleando no seu quarto, como se os pés fossem disformes e o precipício, logo ali. Estava completamente molhado pela tempestade que caía lá fora. Molhado da cabeça aos pés. E bêbado. Ele estava bêbado. Totalmente chapado. Bêbado como um idiota. Um imbecil que, como de hábito, havia feito tudo errado. Sempre e sempre e sempre tudo errado. Caiu assim que a porta abriu. Não conseguiu chegar até a cama desarrumada e desabou, sentindo o gosto do assoalho sujo de poeira e de bitucas de cigarros mal fumados. Não se moveu. Aquele gosto era bem melhor do que aquele que pairava em seus lábios desde o começo da madrugada. Comformou-se em estar no chão. Apenas virou o rosto e deixou os seus olhos dilatados flutuarem sem foco pelo ambiente. Os pôsteres de bandas punk dos anos setenta não adiantavam nada agora. Ele não era, definitivamente, um guitar hero, quem dera soubesse tocar algum instrumento. As fotos de seu passado não serviam para nada agora, exceto lembrá-lo da sua inaptidão para relacionamentos bem sucedidos. Ele sempre fodia tudo. Seu queixo apoiado ao assoalho imundo doía tanto que provocava cãimbras e uma estridente dormência. Nada que abalasse a auto-estima que não tinha. Decidiu continuar imóvel e inerte, como se fosse parte da mobília. Uma parte feia e inútil da mobília do seu quarto. Não podia ir mais fundo que o chão. Não podia. Chorou como uma criança desesperada e indefesa, ao perceber que ela estava longe demais dele agora. Longe demais. Chorou e rezou por qualquer santo que pudesse escutá-lo. Adormeceu infeliz e sem forças, sem notar a velha secretária eletrônica e sua nova mensagem guardada.
Nova mensagem guardada?
Bem, ao menos lhe foi dada uma segunda chance e quando isso acontece, bem... melhor aproveitar... melhor aproveitar...
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