A
chuva era implacável.
Implacável.
Noites
de verão e solidão.
Mais
do mesmo, sempre.
Ao
menos a luz não estava caída.
Estava
firme, forte e sem piscar.
Sorte
dela.
Sorte?
Ela estava
sentada em seu sofá de veludo vermelho velho olhando através das janelas. Fumando
e trançando os seus longos, finos e lindos dedos no copo americano barato
repleto de vodka vagabunda.
Repleto.
Repleto
de álcool barato e lágrimas.
Apenas
isso.
Sob
a chuva implacável.
Implacável.
E um
disco de vinil de soul dos anos sessenta ao fundo.
Lágrimas.
Um
mar de lágrimas diante de si.
Um
mar de lágrimas e arrependimentos.
Arrependimentos?
Talvez
não.
Talvez
não.
Ela
amava aquela garota tão distante dela.
Amava
de verdade.
E após
todo o furacão, os erros, os desentimentos, as brigas, as acusações, quem ainda
era a mesma garota?
Ainda
a mesma garota.
Apaixonada,
excitada, deliciada, satisfeita e feliz.
Quem?
Quem?
Depois
de tudo.
Tudo
o que aconteceu.
Depois
de todos os erros.
A
chuva apertou.
E a
chuva forte jamais vai dizer quem errou.
Jamais.
Jamais.
Nem
o velho e quase embolorado disco de vinil.
Muito menos ele...
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