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SOMENTE GDANSK


- E então? – Luisa perguntou.
Carol nada disse e abaixou a cabeça.
E acendeu um cigarro. Mais um. Apenas mais um naquela noite repleta de chuva e trovões.
Tempestade.
Cores e raios.
Apenas mais um cigarro.
Um cigarro e vários trovões.
- Não abaixa a cabeça, caralho. Não abaixa. Apenas responda – disse com rispidez e com todas as letras. E a rispidez das palavras ditas com todas as letras é bem mais forte do que uma porrada.
Bem mais forte.
Muito mais.
E Carol continuou em silêncio.
- Não vai dizer nada? Nada? Nada mesmo?
- Não quero – Carol respondeu.
Luisa a olhou com surpresa. Disse – Não quer? Não quer me dizer nada? – insistiu.
- Não – Carol respondeu e deu uma tragada forte em seu cigarro vagabundamente light.
- Não posso acreditar – Luisa disse.
Carol a observou com surpresa e emendou – O que quer que eu diga? Não posso dizer nada. Nada.
Luisa a olhou com carinho e supremo amor. Apenas disse – Nada?
E Carol começou a lacrimejar.
E abraçou Luisa com tanta força que quase partiu aquela pequena garota ao meio.
E se beijaram como não houvesse amanhã.
Gdansk? Danzig. Cidade Livre que permitia à Polônia acesso ao mar Báltico.
Acesso ao amor e tudo mais que podemos imaginar.
Tudo mais.



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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,