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VOCÊ AINDA ACHA POUCO?

O cheiro no quarto era de tempestade e suor. Cheiro de chuva e suor. Cheiro de cinza e garoa e suor. Já sentiram isso? Já sentiram? Já sentiram essa porra de mistura de odores?

Ela já...

...

Constantemente...

E enquanto tais aromas inundavam o seu quarto, ela permanecia quieta, calada, impassível, insana, impossível. Sentada no canto do quarto como uma criança. Uma miserável criança abandonada.

Ela detestava sentir assim. Ela simplesmente detestava estar vulnerável, fraca, cansada, amarga, enfadonha, estressada, desinteressada, enfim, triste, vulgar e comum.

E tudo por causa de um coração partido.

Vocês acham pouco?

E a paisagem que se podia ver através da janela para fora daquele maldito quarto, era a de um fim de tarde cinza, chuvoso e molhado, triste e nada incomum.

E a paisagem que se podia ver através da janela para dentro daquele maldito quarto, era a de uma menina cinza, apaixonada, quebrada, triste e nada, definitivamente, nada incomum.

E tudo por causa de um coração partido.

Vocês ainda acham pouco?


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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,