- Você me ama MESMO? Ama de verdade? – ela perguntou, com
ênfase.
Ele sorriu, abriu seu melhor sorriso, ajeitou sua barba rala e
vagabunda e respondeu – Claro que sim. Claro que te amo.
Ela sorriu em resposta. Nada mais.
- Qual a razão da pergunta? – ele disse – Você me acha velho
demais? – perguntou – Me acha mentiroso? – insistiu.
Ela apenas sorriu. Nada respondeu.
- Diz – ele insistiu – Você me acha velho ou gordo ou falso
demais?
Ela abriu o seu mais delicioso sorriso. Nada disse mais uma vez.
Ele ficou irritado – Não vai dizer nada, porra? – berrou – Não
percebe a minha barba de velho? Minhas manchas vermelhas no rosto? Você é cega
ou o quê?
Ela apenas consentiu com sua cabeça recheada de cabelos negros
soltos e disse tranquila – Não vou dizer porra nenhuma. Preciso? Você não
percebe no meu olhar os meus sentimentos? Coitado - Te amo, porra. Apenas isto
– disse, com afeto, açúcar e amor. Muito amor.
Ele sorriu constrangido.
Ela disse – Trouxa.
Ele concordou.
E foram muito felizes... por muitos e muitos anos, por muito
tempo. O tempo suficiente para ser feliz. O trouxa ansioso e a sincera
grosseira e verdadeira. Necessariamente verdadeira. Coisas que só a porra do
amor pode reunir. Só a porra do amor pode reunir...
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