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BEING BORING


- Você me ama MESMO? Ama de verdade? – ela perguntou, com ênfase.
Ele sorriu, abriu seu melhor sorriso, ajeitou sua barba rala e vagabunda e respondeu – Claro que sim. Claro que te amo.
Ela sorriu em resposta. Nada mais.
- Qual a razão da pergunta? – ele disse – Você me acha velho demais? – perguntou – Me acha mentiroso? – insistiu.
Ela apenas sorriu. Nada respondeu.
- Diz – ele insistiu – Você me acha velho ou gordo ou falso demais?
Ela abriu o seu mais delicioso sorriso. Nada disse mais uma vez.
Ele ficou irritado – Não vai dizer nada, porra? – berrou – Não percebe a minha barba de velho? Minhas manchas vermelhas no rosto? Você é cega ou o quê?
Ela apenas consentiu com sua cabeça recheada de cabelos negros soltos e disse tranquila – Não vou dizer porra nenhuma. Preciso? Você não percebe no meu olhar os meus sentimentos? Coitado - Te amo, porra. Apenas isto – disse, com afeto, açúcar e amor. Muito amor.
Ele sorriu constrangido.
Ela disse – Trouxa.
Ele concordou.
E foram muito felizes... por muitos e muitos anos, por muito tempo. O tempo suficiente para ser feliz. O trouxa ansioso e a sincera grosseira e verdadeira. Necessariamente verdadeira. Coisas que só a porra do amor pode reunir. Só a porra do amor pode reunir...



Comentários

Lô disse…
E claro que chorei (de novo) lendo.
Lô disse…
Cadê? Cadê seus escritos lindos?

;)
Lô disse…
Criando pó por aqui...hahaha
Lô disse…
"E foram muito felizes... por muitos e muitos anos, por muito tempo".

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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,