APAGUE A LUZ, POR FAVOR?
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Então é assim que termina? – ele pensou, enquanto a chuva desabava sobre o seu corpo inerte. Ele estava só, parado em frente ao velho apartamento deles, no Centro Velho, apenas olhando o passado.
Acaba assim? Desta forma idiota? Eu aqui, parado como um imbecil na frente da minha ex-casa, debaixo de chuva torrencial e com uma mochila cheia de livros e fotos rasgadas?
- Quer ajuda, doutor? – perguntou o porteiro, sempre gentil - Está chovendo demais e o Senhor aí, parado na “trovoada”.
- Não, obrigado Carlos. Já estou indo – ele respondeu, seco – Já estou indo.
Ficou em silêncio por alguns instantes, apenas sentindo o sabor das lágrimas e da chuva. Após tentar acender um cigarro molhado, virou e foi embora de vez daquele lugar.
E foi embora para sempre do único lugar em que ele foi, por algum tempo, verdadeiramente feliz. O único lugar em que ele foi, por algum tempo, verdadeiramente apaixonado.
...
Mas, e como começa?
Começa com um toque, com um gesto, com um olhar, com um suspiro. Começa com um cheiro, um odor, um aroma. Um perfume. Começa com um brilho, um lampejo, um desejo, uma vontade. Começa com um café, uma vodka, um cigarro. Começa com uma ânsia, uma necessidade, com um ardor, Começa com vigor e com uma querência. Querência? Querência é palavra que existe? Enfim, simplesmente começa. Começa como início. Começa como começo. Óbvio. Começa com um desespero. Começa com muita energia, sem nenhuma fobia, sem nenhum disfarce, sem nenhum fraquejo, sem nenhum mal estar. Começa como delírio. Começa como um acorde de rock, de folk, de blues, o acorde que for. Começa ao gosto do freguês, afinal, gosto não se discute. Começa como início, sem martírio, sem mentiras ou invenções. Começa como um rastilho. Começa e começa e começa. E, claro, se começa, termina. Inevitavelmente termina. E termina sempre mal. Termina com dor, termina com amargor, com revolta, com ciúme, com raiva, com angústia, medo e decepção. Termina como jamais se imaginou ao início. Termina com ofensas, com gritos, com palavrões. Sem sussurros, gemidos ou tesões. Termina sempre de forma deprimente, em aperto de mãos. Termina como não devia. Termina patético. Termina porque começou. Termina porque alguém errou. Termina debaixo da chuva em cenas patéticas testemunhadas por porteiros.
Mas... uma vez iniciado, sempre precisa terminar?
Não, claro que não.
Por diversas vezes, com diversas pessoas, em diversas ocasiões, o amor começa e nunca, mas nunca termina.
Mas isso depende de quem? Do quê? De quê?
Me diz...
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Então é assim que termina? – ele pensou, enquanto a chuva desabava sobre o seu corpo inerte. Ele estava só, parado em frente ao velho apartamento deles, no Centro Velho, apenas olhando o passado.
Acaba assim? Desta forma idiota? Eu aqui, parado como um imbecil na frente da minha ex-casa, debaixo de chuva torrencial e com uma mochila cheia de livros e fotos rasgadas?
- Quer ajuda, doutor? – perguntou o porteiro, sempre gentil - Está chovendo demais e o Senhor aí, parado na “trovoada”.
- Não, obrigado Carlos. Já estou indo – ele respondeu, seco – Já estou indo.
Ficou em silêncio por alguns instantes, apenas sentindo o sabor das lágrimas e da chuva. Após tentar acender um cigarro molhado, virou e foi embora de vez daquele lugar.
E foi embora para sempre do único lugar em que ele foi, por algum tempo, verdadeiramente feliz. O único lugar em que ele foi, por algum tempo, verdadeiramente apaixonado.
...
Mas, e como começa?
Começa com um toque, com um gesto, com um olhar, com um suspiro. Começa com um cheiro, um odor, um aroma. Um perfume. Começa com um brilho, um lampejo, um desejo, uma vontade. Começa com um café, uma vodka, um cigarro. Começa com uma ânsia, uma necessidade, com um ardor, Começa com vigor e com uma querência. Querência? Querência é palavra que existe? Enfim, simplesmente começa. Começa como início. Começa como começo. Óbvio. Começa com um desespero. Começa com muita energia, sem nenhuma fobia, sem nenhum disfarce, sem nenhum fraquejo, sem nenhum mal estar. Começa como delírio. Começa como um acorde de rock, de folk, de blues, o acorde que for. Começa ao gosto do freguês, afinal, gosto não se discute. Começa como início, sem martírio, sem mentiras ou invenções. Começa como um rastilho. Começa e começa e começa. E, claro, se começa, termina. Inevitavelmente termina. E termina sempre mal. Termina com dor, termina com amargor, com revolta, com ciúme, com raiva, com angústia, medo e decepção. Termina como jamais se imaginou ao início. Termina com ofensas, com gritos, com palavrões. Sem sussurros, gemidos ou tesões. Termina sempre de forma deprimente, em aperto de mãos. Termina como não devia. Termina patético. Termina porque começou. Termina porque alguém errou. Termina debaixo da chuva em cenas patéticas testemunhadas por porteiros.
Mas... uma vez iniciado, sempre precisa terminar?
Não, claro que não.
Por diversas vezes, com diversas pessoas, em diversas ocasiões, o amor começa e nunca, mas nunca termina.
Mas isso depende de quem? Do quê? De quê?
Me diz...
Comentários
que legal!
beijo