Pular para o conteúdo principal
APAGUE A LUZ, POR FAVOR?

boomp3.com

Então é assim que termina? – ele pensou, enquanto a chuva desabava sobre o seu corpo inerte. Ele estava só, parado em frente ao velho apartamento deles, no Centro Velho, apenas olhando o passado.
Acaba assim? Desta forma idiota? Eu aqui, parado como um imbecil na frente da minha ex-casa, debaixo de chuva torrencial e com uma mochila cheia de livros e fotos rasgadas?

- Quer ajuda, doutor? – perguntou o porteiro, sempre gentil - Está chovendo demais e o Senhor aí, parado na “trovoada”.
- Não, obrigado Carlos. Já estou indo – ele respondeu, seco – Já estou indo.

Ficou em silêncio por alguns instantes, apenas sentindo o sabor das lágrimas e da chuva. Após tentar acender um cigarro molhado, virou e foi embora de vez daquele lugar.

E foi embora para sempre do único lugar em que ele foi, por algum tempo, verdadeiramente feliz. O único lugar em que ele foi, por algum tempo, verdadeiramente apaixonado.

...

Mas, e como começa?

Começa com um toque, com um gesto, com um olhar, com um suspiro. Começa com um cheiro, um odor, um aroma. Um perfume. Começa com um brilho, um lampejo, um desejo, uma vontade. Começa com um café, uma vodka, um cigarro. Começa com uma ânsia, uma necessidade, com um ardor, Começa com vigor e com uma querência. Querência? Querência é palavra que existe? Enfim, simplesmente começa. Começa como início. Começa como começo. Óbvio. Começa com um desespero. Começa com muita energia, sem nenhuma fobia, sem nenhum disfarce, sem nenhum fraquejo, sem nenhum mal estar. Começa como delírio. Começa como um acorde de rock, de folk, de blues, o acorde que for. Começa ao gosto do freguês, afinal, gosto não se discute. Começa como início, sem martírio, sem mentiras ou invenções. Começa como um rastilho. Começa e começa e começa. E, claro, se começa, termina. Inevitavelmente termina. E termina sempre mal. Termina com dor, termina com amargor, com revolta, com ciúme, com raiva, com angústia, medo e decepção. Termina como jamais se imaginou ao início. Termina com ofensas, com gritos, com palavrões. Sem sussurros, gemidos ou tesões. Termina sempre de forma deprimente, em aperto de mãos. Termina como não devia. Termina patético. Termina porque começou. Termina porque alguém errou. Termina debaixo da chuva em cenas patéticas testemunhadas por porteiros.

Mas... uma vez iniciado, sempre precisa terminar?

Não, claro que não.

Por diversas vezes, com diversas pessoas, em diversas ocasiões, o amor começa e nunca, mas nunca termina.

Mas isso depende de quem? Do quê? De quê?

Me diz...

Comentários

Ashen Lady disse…
É o que todos queremos saber...
... disse…
po, voce tambem continua firme por aqui!
que legal!
beijo
carol disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
carol disse…
às vezes é tão intenso, e tão lindo, que vale à pena destruir tudo naquele impulso masoquista, e sede de nostalgia...
Nina 512 disse…
e mais uma vez, voce some.

Postagens mais visitadas deste blog

Going Down

leia e ouça: lou reed || going down “... Time's not what it seems. It just seems longer, when you're lonely in this world. Everything, it seems, Would be brighter if your nights were spent with some girl Yeah, you're falling all around. Yeah, you're crashing upside down. Oh, oh, and you know you're going down For the last time …” Lou Reed || Going Down E o sonho avançava. Apenas avançava. A noite tinha apenas começado. … - Ei mocinha. Mocinha? Me ouve? Ela chacoalhou os cabelos castanhos desgrenhados, um monte de nós sem sentido, apenas ela, virou o rosto confuso e encarou aquele sujeito grande, intimidador, com cara de bravo e que estava imóvel à sua frente, um verdadeiro brusco naquele cenário. - Então, me ouve? Está me ouvindo? - aquele grandalhão insistiu - Me ouve, porra? - disse, de modo grosseiro. Ela olhou com um tanto de medo e sem saber exatamente o que fazer, o que dizer, o que mexer, o que responder, nada disse. Apenas, nada disse. - Você entende? É surd...

Você

leia e ouça: U2 | bad Você. Você é intensa demais, e eu a amo. Muito. Você. Sim, você mesmo, você sabe a quem me refiro: VOCÊ! Você tem os cabelos mais desgrenhados, bagunçados e divertidos do mundo. E eu amo. Você. Cada detalhe, cada aroma, cada toque, cada TUDO. Nós. Tem os olhos mais verdes do mundo, e eu a amo. Amo. Amo você. Minha esmeralda. Minha pequena. Minha mãozinha guia. Você. Você. Apenas você! A mulher que mais merece ser cafuneada no universo, na galáxia, em tudo. Toda hora, todo dia, todo tempo. Você. Eu a amo. Você. Você mesmo. Tem força, tem garra, tem voz, tem presença, tem vida, tem alegria, tem coerência, tem sorriso, tem empatia, simpatia, tem tudo. Pequena, mas gigante. Você. Eu sou muito honrado de receber e dar seus super likes . Te laqueio todo dia, toda hora. Você é simplesmente essencial, especial, única. Você… simplesmente e unicamente VOCÊ existe para mim. Nada mais. Mais ninguém, E por mais burrices que eu faça, que eu repita, que eu erre, imbecil que so...

Quando Você Ama…

  leia e ouça: surf curse || freaks “...Don't kill me just help me run away From everyone I need a place to stay Where I can cover up my face Don't cry, I am just a freak I am just a freak I am just a freak I am just a freak…” (Surf Curse || Freaks) Quando você vive, você erra. Todos nós. Todos. Todos nós erramos, de um jeito ou de outro. Faz parte. Quem nunca errou? Quem nunca? Só quem não viveu. Quando você vive, você se expõe e acaba errando, cedo ou tarde. Mente quem diz que nunca errou, uma vez que certamente também errou em algum momento da vida e tenta negar isso. Eu? Se eu errei, omiti e menti? Sim. Certamente. Muito. Mais do que seria razoável, muito mais do que seria razoável. E só os Deuses sabem como foi difícil e errado e como me arrependo. Arrependimento? Muito. Arrependimento real e verdadeiro. Mas, a verdade é o mais importante. Sempre. E demorei a entender isso. Demorei MUITO. Muita porrada para entender isso. Muita porrada para entender isso. A transparência. ...

FIREWORKS

- Ai, que merda! - ela gritou, visivelmente irritada. - Tá louca? - ele respondeu, surpreso com o tom de voz dela. - Odeio esta música. DJ idiota - ela emendou - O Clube Varsóvia já foi melhor. Imbecil de escolher isto para o ano novo. - Você é louca? - ele perguntou, sério. - Não, porra, sou louca não. - Mas parece. Caralho. Há quanto tempo você vem no Varsóvia e NUNCA disse isso. O que há? Algum problema? - ele perguntou. Ela balançou a cabeça e seus olhos ficaram cheios de água - Nada - ela disse e confirmou - Nada. Não aconteceu porra nenhuma. - Como assim, nada? - ele questionou - Desde quando você fica transtornada assim? Por tão pouca coisa? Desde quando uma canção escolhida por um DJ idiota te tira do sério? - Nada, puta que o pariu. Nada. Pode ser? - ela disse, bastante brava. - Qual seu problema Lisa? Posso saber? Ela apenas abaixou a cabeça. - Me diz - ele insistiu. Ela ficou em silêncio por alguns instantes e emendou - Hoje é primeiro de Janeiro. Ele a olho...

CAFÉ RALO

Alta madrugada. Chovia demais. Muito mesmo e ele, bem, ele estava em um bar qualquer no centro velho da cidade. Sozinho para variar. Sozinho naquela alta madrugada. Sozinho, como sempre. Sozinho como nos últimos dias, nos últimos tempos, nas últimas noites. E chovia muito lá fora e ele apenas deixava o tempo passar observando a xícara lascada à sua frente com um café vagabundo, morno e rarefeito que ele conseguia engolir apenas pelo vício inexplicável em cafeína. Cafeína e cigarros. Sem mais álcool ou qualquer outra forma diferente de fugir. Apenas cafeína e cigarros. Foi o que restou. E ele estava em um bar qualquer no centro da cidade. Insônia pesada e ele, tolo, apenas AINDA insistia em pensar no que fazer, para onde ir, como conseguir consertar as coisas que quebrou ao longo do tempo. Bobagens cotidianas que não pagam as contas (muitas, aliás) e não resolvem porcaria nenhuma na vida de um sujeito normal. Sérias bobagens cotidianas. Falar em sair do buraco é fácil. Difícil é realm...