LET THE SUNSHINE IN
Havia areia dentro dos seus sapatos. Muita areia. E ela já estava irritada com isso. Muito irritada. Cansou de toda aquela merda e de todo aquele incômodo e resolveu sentar na areia e arrancar e jogar para longe os sapatos que a incomodavam demais. A incomodavam muito.
Sentiu-se melhor quando se colocou em pé e sentiu os tornozelos afundarem lentamente na areia fofa e úmida da madrugada. Melhor, muito melhor – ela pensou. Não queria mais sapatos. Definitivamente.
Caminhou assim, descalça, alguns poucos metros e desabou na areia, esgotada.
Completamente esgotada.
Não fisicamente, por óbvio, mas emocionalmente, o que, convenhamos, é MUITO pior.
E ela ficou deitada por vários instantes, sentindo o seu corpo absorver a umidade da areia úmida, sentindo os seus ruivos e longos cabelos crespos misturarem-se com a areia fina, sentindo a ponta dos dedos dos seus pés cansados de tanto andar, sentindo o coração batendo forte, desesperado, aflito, insano. Sentindo medo e frio e dor e vontade de chorar.
Ficou deitada por vários instantes e percebeu que a chuva agora fazia parte do passado e a lua, poderosa, havia voltado a reinar, brilhando no céu, imponente, mesmo sendo tão solitária.
E ela agarrou um punhado da areia que antes machucava os seus pés e deixou-a escorrer por entre os seus dedos. E o que ela mais queria, era ser a lua naquele instante, apenas para poder boiar sozinha no espaço, sem ninguém para incomodar, sem ninguém para reparar, sem ninguém para machucar, sem ninguém para gargalhar e zombar das suas feridas, para esquecer os seus desastrados diálogos.
- Por que vc me machuca assim? – ela perguntou, aflita – Por que você SEMPRE me machuca assim? – insistiu.
Ele permaneceu em silêncio, apenas evitando encarar os seus olhos.
- Não vai me responder? Como sempre você faz?
- Acho melhor você ir – ele disse.
Ela somente chorou...
E quando se deu conta, ela não estava mais em companhia da lua. O sol estava nasceno, vermelho como os seus cabelos, no horizonte distante e intocável. Seu rosto estava inchado e seus olhos ardiam.
Sentou-se e pegou mais um punhado de areia. Dessa vez não deixou escorrer nem um grão por entre os seus delicados dedos.
A areia não vai mais me machucar – pensou, triste e feliz, enquanto procurava os seus sapatos com a ajuda do brilho do sol...
Havia areia dentro dos seus sapatos. Muita areia. E ela já estava irritada com isso. Muito irritada. Cansou de toda aquela merda e de todo aquele incômodo e resolveu sentar na areia e arrancar e jogar para longe os sapatos que a incomodavam demais. A incomodavam muito.
Sentiu-se melhor quando se colocou em pé e sentiu os tornozelos afundarem lentamente na areia fofa e úmida da madrugada. Melhor, muito melhor – ela pensou. Não queria mais sapatos. Definitivamente.
Caminhou assim, descalça, alguns poucos metros e desabou na areia, esgotada.
Completamente esgotada.
Não fisicamente, por óbvio, mas emocionalmente, o que, convenhamos, é MUITO pior.
E ela ficou deitada por vários instantes, sentindo o seu corpo absorver a umidade da areia úmida, sentindo os seus ruivos e longos cabelos crespos misturarem-se com a areia fina, sentindo a ponta dos dedos dos seus pés cansados de tanto andar, sentindo o coração batendo forte, desesperado, aflito, insano. Sentindo medo e frio e dor e vontade de chorar.
Ficou deitada por vários instantes e percebeu que a chuva agora fazia parte do passado e a lua, poderosa, havia voltado a reinar, brilhando no céu, imponente, mesmo sendo tão solitária.
E ela agarrou um punhado da areia que antes machucava os seus pés e deixou-a escorrer por entre os seus dedos. E o que ela mais queria, era ser a lua naquele instante, apenas para poder boiar sozinha no espaço, sem ninguém para incomodar, sem ninguém para reparar, sem ninguém para machucar, sem ninguém para gargalhar e zombar das suas feridas, para esquecer os seus desastrados diálogos.
- Por que vc me machuca assim? – ela perguntou, aflita – Por que você SEMPRE me machuca assim? – insistiu.
Ele permaneceu em silêncio, apenas evitando encarar os seus olhos.
- Não vai me responder? Como sempre você faz?
- Acho melhor você ir – ele disse.
Ela somente chorou...
E quando se deu conta, ela não estava mais em companhia da lua. O sol estava nasceno, vermelho como os seus cabelos, no horizonte distante e intocável. Seu rosto estava inchado e seus olhos ardiam.
Sentou-se e pegou mais um punhado de areia. Dessa vez não deixou escorrer nem um grão por entre os seus delicados dedos.
A areia não vai mais me machucar – pensou, triste e feliz, enquanto procurava os seus sapatos com a ajuda do brilho do sol...
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