SABENDO MACHUCAR
“Eu apenas gostaria de saber algumas coisas.
Algumas pequenas e malditas coisas, para as quais sequer consigo imaginar uma resposta adequada. Eu gostaria de saber a razão de tanto cinza e de tanta chuva. Será que não é o bastante, todo o agito das correntes do mar? Será que não é o suficiente, todo o estrago causado pelo otário que não sabe amar? Será que não é o bastante, todo o erro ortográfico e banal cometido por quem não sabe escrever? Será que nunca é e nem nunca será o bastante?
Eu apenas gostaria de saber e poder e ter condições de enfrentar algumas coisas.
Eu gostaria de saber a maldita razão de um cigarro queimar tão rápido; de uma garrafa acabar tão rápido; de uma garganta secar tão rápido; de uma noite passar tão rápido; de uma vida acabar assim, tão rápido. Eu gostaria tanto de saber.
O problema é que eu apenas “gostaria...”. Não tenho saco e nem coragem e nem vontade e nem cara de encarar essas porras de perguntas e enfrentar essa porra dessa vida.
Eu tenho medo. Apenas medo. E ele vence todo e qualquer resquício de curiosidade e de vida que existe em mim. Ele sempre vence. Sempre.
Mas eu estou aqui apenas desperdiçando o meu, o seu, o nosso tempo. Tudo isso você já sabia, né? Sempre soube, por mais que você negue. Eu não vou ficar aqui dançando com a neblina, enquanto o sol não nasce.
Eu prefiro dias cinzas. Eu prefiro a solidão.
Você já devia saber disso. Eu também.
Apenas peço desculpas. Não posso e nem quero dizer mais nada. Mais nada.
Espero que você fique bem.
Cadu”
- Que merda é essa, Estela? “...eu prefiro dias cinzas...espero que você fique bem” Ele ficou louco? Foi só isso que ele te deixou? Essa porra desse bilhete idiota? – perguntou Márcia, sua melhor amiga.
Estela apenas consentiu com os seus lindos olhos verdes, agora totalmente embaçados por lágrimas e lágrimas.
- Idiota. Filho da PUTA – gritou Márcia.
- Ele é apenas um covarde – Estela respondeu.
- Mas que sabe machucar, né?
Estela deu uma risada pesada, abafada e completou – E como sabe. E como...
“Eu apenas gostaria de saber algumas coisas.
Algumas pequenas e malditas coisas, para as quais sequer consigo imaginar uma resposta adequada. Eu gostaria de saber a razão de tanto cinza e de tanta chuva. Será que não é o bastante, todo o agito das correntes do mar? Será que não é o suficiente, todo o estrago causado pelo otário que não sabe amar? Será que não é o bastante, todo o erro ortográfico e banal cometido por quem não sabe escrever? Será que nunca é e nem nunca será o bastante?
Eu apenas gostaria de saber e poder e ter condições de enfrentar algumas coisas.
Eu gostaria de saber a maldita razão de um cigarro queimar tão rápido; de uma garrafa acabar tão rápido; de uma garganta secar tão rápido; de uma noite passar tão rápido; de uma vida acabar assim, tão rápido. Eu gostaria tanto de saber.
O problema é que eu apenas “gostaria...”. Não tenho saco e nem coragem e nem vontade e nem cara de encarar essas porras de perguntas e enfrentar essa porra dessa vida.
Eu tenho medo. Apenas medo. E ele vence todo e qualquer resquício de curiosidade e de vida que existe em mim. Ele sempre vence. Sempre.
Mas eu estou aqui apenas desperdiçando o meu, o seu, o nosso tempo. Tudo isso você já sabia, né? Sempre soube, por mais que você negue. Eu não vou ficar aqui dançando com a neblina, enquanto o sol não nasce.
Eu prefiro dias cinzas. Eu prefiro a solidão.
Você já devia saber disso. Eu também.
Apenas peço desculpas. Não posso e nem quero dizer mais nada. Mais nada.
Espero que você fique bem.
Cadu”
- Que merda é essa, Estela? “...eu prefiro dias cinzas...espero que você fique bem” Ele ficou louco? Foi só isso que ele te deixou? Essa porra desse bilhete idiota? – perguntou Márcia, sua melhor amiga.
Estela apenas consentiu com os seus lindos olhos verdes, agora totalmente embaçados por lágrimas e lágrimas.
- Idiota. Filho da PUTA – gritou Márcia.
- Ele é apenas um covarde – Estela respondeu.
- Mas que sabe machucar, né?
Estela deu uma risada pesada, abafada e completou – E como sabe. E como...
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