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TANGERINA? NÃO MAIS...

- Você é idiota? - ele perguntou, bravo. Realmente bravo.
Ela apenas o encarou, com os olhos vermelhos, tão cheios de lágrimas, tão cheios de dor, tão cheios de mágoas, tão cheios de adolescência.
- Porra, dá prá deixar o passado em paz? Dá prá deixar o passado não consumado em paz?
Ela novamente o encarou, agora com os olhos ainda mais vermelhos, ainda mais cheios de lágrimas, repletos de dor, de arrependimentos, de mágoas, tão cheios de tudo.
Ele acendeu mais um cigarro e disparou - E foda-se quem você não conseguiu e foda-se quem você não viveu e foda-se carinhas babacas com camisetas de artistas plásticos. Imbecis que não te perceberam. Será que você só quer ser infeliz nesta merda de vida?
Ela "roubou" o cigarro dos seus dedos e virou o copo dele, ainda cheio de vodka, garganta abaixo.
- Ei - ele reclamou - E desconta esta porra toda na minha vodka?
- Eu sou egoísta! - ela disse.
- É lógico que é. E prepotente e arrogante. Acha que o mundo vai parar por sua causa? Ah querida, mas nem fodendo. Dói perceber isso. Dói muito, mas é verdade.
Ela olhou para o DJ do Clube Varsóvia, apenas como fuga. Apenas prá não ter que olhar prá ele e concordar com as desgraçadas das suas palavras.
- Você não sabe como é minha vida. Não sabe nada. E insiste que não quer ser feliz. Que ninguém lhe deu este direito. Chega dessa merda toda.
- Você é um asshole. Imbecil.
- Eu? - ele ironizou, cruel.
Ela pôs as mãos na cabeça tão escassa de cabelos e juízo e começou a chorar e a chorar e a chorar como uma criança.
Ele percebeu que havia ido longe, longe demais. Mas respirou fundo sua nicotina e aliviou. Foi necessário. Colocou as mãos na cabeça dela e fez um carinho maravilhoso. Lindo. De irmão.
- Ei? - ele sussurrou.
Ela apenas o olhou, com os olhos vermelhos DEMAIS.
. Tá vendo aquela janelinha lá? Em cima da cabine do DJ?
- Que tem?
- Vê a noite?
- Que noite? Choveu prá caralho hoje - ela disse, irritada.
- Então, mas parou.
Ela olhou prá ele, entendendo absolutamente tudo.
- Parou de chover, porra - ele gritou, quase gargalhando.
Ela sorriu.
E entre gargalhadas e sorrisos e vodkas e cigarros roubados, dois amigos acabaram a noite consolando um ao outro. UM AO OUTRO. E perceberam, felizes, que nada podia ser melhor do que simplesmente estar com quem se importa...

E a chuva passou... e a tangerina não é mais a fruta da estação...

definitivamente...

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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,