- Você acha mesmo? – ela perguntou, com uma expressão de puro espanto.
Ele desviou o olhar. Olhou para o teto, tentou disfarçar as lágrimas. Sem sucesso.
Depois de um minuto de silêncio sepulcral ela insistiu - Então, eu te perguntei. Por favor, me responda porra. Você acha mesmo? Acredita mesmo no que acabou de me dizer? Acha que vou acreditar que você não estava transando com a maldita nos últimos tempos? Que não se envolveu com aquela vagabunda e me passou para trás. Acha que vou acreditar que você ainda me quer?
Ele, finalmente, abaixou a cabeça e a encarou bem nos olhos. Olhos frios e de um verde simplesmente lindo.
- Vai, fala! – ela insistiu um tanto impaciente, muito irritada.
- Sim. Acho. Não só acho como tenho absoluta certeza – ele, finalmente, respondeu, sentindo na garganta a dor e o peso de estar mentindo verdadeiramente.
Ela levou as mãos à cabeça em absoluto transtorno. Não conseguia imaginar a razão de estar vivendo aquela cena – Você é um tremendo filho de uma puta – disparou, aos gritos.
- Some da porra da minha vida. Some de uma vez por todas. Desaparece daqui – prosseguiu, elevando ainda mais o tom de voz.
Sem olhar para ela, ele pegou a sua surrada jaqueta jeans e foi em direção à saída.
Definitivamente aquele apartamento não seria mais parte do futuro cenário da sua vida. Aquele pequeno apartamento seria apenas uma locação do passado. De boas e nem tão boas sensações, experiências e lembranças.
Ao abrir a porta pensou em virar a cabeça e se despedir.
Não conseguiu.
Sentiu a culpa dos mentirosos e malditos.
Fechou a porta com cuidado para não bater e parecer estúpido. Fechou a porta enquanto escutava os gritos e pragas proferidas por ela. Aquela menina tão doce que um dia ele amou. Aquela menina tão doce que um dia ele amou e que, hoje, ficou para trás.
Como uma página virada e quase esquecida de um livro bom.
Comentários
beijo