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DEZEMBRO


Apenas um violão desafinado e uma voz desastrada.
Lindamente desastrada.
Ruim.
Fraca.
Incontínua.
Desastrada.
Frágil.
Bem frágil.
Frágil.
Frágil, mas bela...
Linda.
Genial.
E naquele “luau” improvisado entre amigos a beira da praia, sob o barulho das ondas e sob a luz do luar, ela estava feliz.
Muito feliz.
Independentemente de quem tocava ou tocava.
Nada demais.
Nada demais para pessoas normais sob todo aquele cenário.
Normais?
Nem sempre.
Lindo.
Nada demais.
Nada demais mesmo.
E nunca normais.
Mas para ela era algo a mais.
Algo a mais.
Feliz ao lado dele.
Feliz ao lado dele.
Como se o Natal já houvesse começado.
Bem antes de começar.
Bem antes.
E ao alvorecer do dia ela ainda ouvia João Gilberto em seu velho pen drive.
Ele?
Ramones...
Feitos um para o outro.
Feitos um para o outro...
Apenas isso.
Nada demais.
Nada demais para quem se ama.

Quem se ama...

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