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O RUÍDO QUE PRECEDE O GOZO


Ele suava frio. Muito frio, mesmo debaixo daquele calor infernal do Rio de Janeiro. Quando encarou a porta do elevador do pequeno, porém adorável edifício, decidiu se ia mesmo entrar. Ficou estático por alguns minutos.
- Ei senhor, é no sétimo andar – disse o porteiro, estranhando a lerdeza do rapaz.
- Obrigado – ele respondeu.
Abriu a porta e entrou. Apertou rapidamente o botão do sétimo andar e ficou pensando no que estava fazendo. O elevador subia rapidamente e ele fez um retrospecto de sua vida pequena, desde o instante em que a conheceu, até aquele momento no elevador do pequeno edifício. Ficou contando os andares até o elevador chegar. Saiu da cabine e ficou diante da porta. Apartamento 701. Não sabia se ela estaria feliz de verdade em vê-lo, ou não. Ele gostava de pensar que sim, porém não tinha certeza. Definitivamente não tinha certeza. Ficou parado e enxugou o suor da testa. Lentamente apertou a campainha. Após alguns segundos, a porta lentamente se abriu. Atrás, ela, toda linda, toda sexy, vestindo apenas um conjunto preto de cetim ou algo parecido, curto, deixando seu colo e suas pernas à mostra. Ele ficou enlouquecido. Enlouquecido. Ela sorriu, demoníaca. Endiabrada. Ele entrou e não disse palavra. Em silêncio, dentro do apartamento repleto de velas cor grafite e flores espalhadas, eles se beijaram deliciosamente. Com fúria e vontade. Com fúria e muita vontade. Desejo reprimido pela distância que os separava. O toque, a pele, o cheiro, o beijo, o seio, o pau, os cabelos, tudo virou motivo de desejo. Excitação em uma noite de verão. Excitação deliciosa em uma noite de verão. Em instantes eles estavam nus e trepando como dois jovens amantes. Se o silêncio precede o esporro, o ruído dos gemidos precede o gozo. Delicioso ruído sob a luz de velas cor grafite. E, ao final, o que importa de verdade não é a distância. Não é a distância. O que importa, realmente, é apenas a fotografia que desejo consegue causar. A fotografia de dois jovens completamente enlouquecidos de amor, desejo, vontade e tesão. Fotografia maravilhosa...



Comentários

Anônimo disse…
" ...ela sorriu, demoníaca."

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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,