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UM BOLINHO DE CHUVA E UM CAFÉ CURTO
 
- Patrícia? - ele perguntou, todo ansioso, todo covarde, todo ele.
Apenas um chamado. Nada mais.
Nada mais que isso.
- Patrícia? - ele insisitiu.
Ela virou para trás, tremendo só de reconhecer aquela voz rouca, aquela voz dele, aquela voz óbvia  que ela conhecia tão bem.
E ficou em silêncio.
E ele?
Ficou com o olhar perdido.
Muito perdido.
- Patrícia? - ele repetiu incauto, sem modo, sem jeito e sem nada. Um tolo.
Um absoluto tolo.
- Patrícia? - ele repetiu.
Ela sorriu sem vontade e disse - Você já disse meu nome muitas vezes. Acho que basta.
Ele abaixou a cabeça sem graça. Não retrucou.
Ela se arrependeu.
Ele também. Não respondeu.
- E então - ela disse.
- E então? Você pode me dizer uma coisa? - ele aproveitou a deixa.
Ela o olhou com surpresa. Muita surpresa.
- Posso? - ele repetiu, ansioso.
- Sim - ela concordou com as palavras, os olhos e a cabeça.
- Quer tomar café curto e comer uns bolinhos de chuva? - ele perguntou, tímido.
Ela começou a chorar.
Ele abaraçou.
Mais do mesmo.
Mais de sempre.
Mais deles.
Mais deles.
Sempre.
Sempre...
Mas nada que um bolinho de chuva, um café quente e um beijo tentador não resolva.
Não resolva....
 

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