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UM BOLINHO DE CHUVA E UM CAFÉ CURTO
 
- Patrícia? - ele perguntou, todo ansioso, todo covarde, todo ele.
Apenas um chamado. Nada mais.
Nada mais que isso.
- Patrícia? - ele insisitiu.
Ela virou para trás, tremendo só de reconhecer aquela voz rouca, aquela voz dele, aquela voz óbvia  que ela conhecia tão bem.
E ficou em silêncio.
E ele?
Ficou com o olhar perdido.
Muito perdido.
- Patrícia? - ele repetiu incauto, sem modo, sem jeito e sem nada. Um tolo.
Um absoluto tolo.
- Patrícia? - ele repetiu.
Ela sorriu sem vontade e disse - Você já disse meu nome muitas vezes. Acho que basta.
Ele abaixou a cabeça sem graça. Não retrucou.
Ela se arrependeu.
Ele também. Não respondeu.
- E então - ela disse.
- E então? Você pode me dizer uma coisa? - ele aproveitou a deixa.
Ela o olhou com surpresa. Muita surpresa.
- Posso? - ele repetiu, ansioso.
- Sim - ela concordou com as palavras, os olhos e a cabeça.
- Quer tomar café curto e comer uns bolinhos de chuva? - ele perguntou, tímido.
Ela começou a chorar.
Ele abaraçou.
Mais do mesmo.
Mais de sempre.
Mais deles.
Mais deles.
Sempre.
Sempre...
Mas nada que um bolinho de chuva, um café quente e um beijo tentador não resolva.
Não resolva....
 

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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,