Pular para o conteúdo principal

OUVINDO CORES


- O que você pretende? – Tina perguntou de forma apressada para Lia – O que pretende? Investir em nada? Nada? Em quem nem quer saber de você? – disse de forma cruel.
Lia abaixou a cabeça e nada disse.
Limitou-se ao seu baseado vagabundo e sua vodka de quinta categoria.
- Não adianta Lia, porra. A caixa postal do seu celular ordinário jamais vai receber uma mensagem dela. Ela te deu um foda-se, entende? Entende?
Lia olhou-a trêmula, esperando apoio, apenas apoio – Talvez não. Talvez não. Talvez ela não tenha conseguido ligar. Apenas isso. Apenas não tenha conseguido ligar.
Tina olhou para o alto sem a menor paciência. A menor paciência. Ficou em silêncio.
- Sabe de uma coisa? – pergunntou Lia.
Tina respondeu seca, porém com afeto – Nem tenho idéia, Lia. Nem tenho idéia, ainda mais vindo de você. Nem tenho idéia.
- Eu gosto de ouvir cores – disse Lia direta.
Tina a olhou com espanto e disse – Ouvir cores? Tem certeza que, ao menos desta vez você comrpou um baseado não malhado? Não creio.
Lia sorriu e respondeu – Não. Eu gosto de ouvir cores. Ainda mais quando estou triste. Ainda mais quando estou triste.
Tina sorriu com um carinho imenso. Amava aquela menina. Simplesmente amava.
- Eu costumo, desde pequena, associor as cores aos sentimentos e adoro imaginar que elas estão por aí, soltas no ar, e que posso pegá-las e transformar no som que quero. Melodias tristes ou felizes. Apenas isso. Depende de mim. Apenas do que sinto.
Tina a encarou com carinho e perguntou – E que cor você está ouvindo agora?
Após um longo silêncio Lia respondeu – Duas.
- Duas? Tina perguntou.
- Sim. Duas.
- Posso saber quais? – Tina perguntou curiosa.
Lia sorriu seu sorriso mais triste e mais apaixonado e disse em tom baixo – Cinza pela ausência de respostas e Azul pela companhia de uma pessoa especial que às vezes não me dou conta de que está perto e muito, mas muito perto mesmo do meu coração. E ás vezes nem percebo.
Tina sorriu com as lágrimas quase escorrendo.
Lia também.
E afinal de contas, as cores não são para sempre serem ouvidas?
Sempre ouvidas?




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.

Quando Você Ama…

  leia e ouça: surf curse || freaks “...Don't kill me just help me run away From everyone I need a place to stay Where I can cover up my face Don't cry, I am just a freak I am just a freak I am just a freak I am just a freak…” (Surf Curse || Freaks) Quando você vive, você erra. Todos nós. Todos. Todos nós erramos, de um jeito ou de outro. Faz parte. Quem nunca errou? Quem nunca? Só quem não viveu. Quando você vive, você se expõe e acaba errando, cedo ou tarde. Mente quem diz que nunca errou, uma vez que certamente também errou em algum momento da vida e tenta negar isso. Eu? Se eu errei, omiti e menti? Sim. Certamente. Muito. Mais do que seria razoável, muito mais do que seria razoável. E só os Deuses sabem como foi difícil e errado e como me arrependo. Arrependimento? Muito. Arrependimento real e verdadeiro. Mas, a verdade é o mais importante. Sempre. E demorei a entender isso. Demorei MUITO. Muita porrada para entender isso. Muita porrada para entender isso. A transparência.

Ela, A Mulher da Minha Vida

leia e ouça: champagne supernova || vitamin string quartet tribute to Oasis Ah, se eu não tivesse me omitido. Ah, se eu não tivesse traído (ainda que sem querer, mas é sempre sem querer, né? Sempre. Sempre um erro ou vários. Muitos). Ah, se eu tivesse me tratado. Ah, se eu tivesse perguntado. Ah, se eu não tivesse me auto sabotado. Sempre. Ah, caso eu tivesse apenas existido de forma tão transparente. Ah. Eu não a teria perdido. Tantos ahs. Tantos. E sobra a tristeza, o chão, a queda, o ralo, as mentiras, as dívidas, enfim, sobra nada. Nada. E tudo de dor. Em excesso. Compulsão. Ah, se eu tivesse vivido. Ah, se eu tivesse sido simples. Otário. Eu. Muito prazer. Eu. Ah, se eu tivesse pedido ajuda. Ah, caso eu tivesse vergonha na cara. Ah, caso eu tivesse espelho em casa. Ah. Tantos ahs. Tantos. Mas, agora, eles não resolvem. Os ahs vieram tarde demais. E dói. Muito. Mas sigo. Seguirei. Triste, em lágrimas, chorando, tentando e vivendo. Do jeito que der. Do jeito que dá. Aprendendo. Apre