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LO(VE)NDON CALLING

O corpo dos dois parecia derreter, tamanha a excitação, tesão, volúpia, desejo e vontade que impregnava o ambiente naquele quarto. O suor transbordava por cada poro de cada corpo. Por cada poro. Por cada corpo. Ele estava absolutamente enlouquecido, extasiado. Ela, por sua vez, estava em uma espécie de transe, de delírio. Mãos e bocas e seios e pernas e coxas e dedos e lábios e línguas e beijos e saliva se encontravam. Sem parar. Sem parar. Contínua e sofregamente. O bouquet que pairava no ar era o de uma espécie de vinho raro. Beleza rara. Ela sentia o seu gosto na sua boca. Na dele e na sua própria. Ele sentia seu corpo no dela. Sutil, intenso, integrado. Suor e paixão e delírio e toques e gemidos. Sexo ou amor, ou seja lá o que isso quer dizer...

...

E eles deitaram e ficaram quietos, respirando o silêncio.

Por pouco tempo. Por pouco tempo.

Ela, agitada como sempre, gargalhou brava e abruptamente e ligou o velho aparelho de som nos últimos decibéis.

- Que música improvável para o momento, não? – ele falou, sorrindo e acariciando os seus cabelos.
- The Clash? – ela respondeu, elétrica – London Calling? ´magina, música calma para pessoas felizes – ironizou.
Ele sorriu ainda mais e emendou – É, mas, provavelmente os meus pais ou os meus avós costumavam ouvir alguma big band embriagada neste pós-gozo, se é que escutavam alguma coisa, claro, além de fumar e fumar e fumar, naquele chavão tão adorável da vida comum.
Ela o olhou feliz e respondeu, linda - Olha, pode parecer a coisa mais ridícula que você já ouviu nessa vidinha besta. A coisa mais cafona e sem noção, porém, querido, pode apostar que nada é improvável num momento desses. Nada. Improváveis? Somente nós podemos ser.

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