QUANDO A DANÇA FURIOSA NÃO SUFOCA A DOR
Ela entrou no quarto chorando.
Os olhos estavam inchados. Inchados de tanto chorar. Inchados de tantas lágrimas e lágrimas e lágrimas. Muitas lágrimas. Lágrimas doloridas, lágrimas de paixão, lágrimas de porradas.
E, coitada, ela não se importava em tentar acertar. Não, definitivamente ela não se importava.
Ela se importava e ficava cansada de SEMPRE, mas SEMPRE mesmo, ficar tão machucada.
Este era o maior problema. Ficar sempre tão machucada, mesmo por alguém que não valia sequer um cobre, por alguém que não valia sequer um "e".
Mas ela sempre se machucava e ficava sozinha na noite, sofrendo em silêncio.
E o quarto, naquela madrugada, era o seu ambiente. Depois dos bares, dos clubes, dos amigos, da noite, do fim, havia apenas ela e o seu pequeno quarto.
E dentro dele, segura e assim que chegou, ela despejou o mundo no carpete vermelho puído. Despejou o mundo sobre o carpete. Despejou o melhor do seu mais recente fracasso.
As lágrimas se confundiam com a saliva e, puta, ela gritou como há tempos não gritava antes de dar uns dois ou três socos furiosos no armário de cds.
A dor apenas aumentou.
Ficou triste ao ver o seu cd do Joy Division no chão, parcialmente fodido, quase destruído.
E ele era tão especial.
O cd, que fique bem claro. Não aquele idiota por quem ela estava chorando.
Colocou o cd no player naquele momento.
Aos primeiros acordes, resolveu dançar.
Dançar para não dançar.
Dançar para ser feliz.
Dançar para exorcizar.
Dançar para poder acalmar a vida.
Dançar para poder acalmar o espírito.
Dançar furiosamente por um único motivo: não ter mais fôlego para poder chorar.
E enquanto o modo repeat do cd player repetia exaustivamente Love Will Tear Us Apart, ela percebeu que estava cansada de se foder.
Cansada de tanta falta de auto estima.
Cansada.
Muito cansada.
E no começo da manhã, quando o sol, cruel apareceu, não havia mais fôlego para a dança.
Para as lágrimas e a dor, no entanto, o fôlego estava lá.
Como sempre.
Como sempre na vida daquela menina linda.
Como sempre e sempre e sempre, para todo o sempre...
até ela decidir que não...
até ela decidir...
sozinha
...
Ela entrou no quarto chorando.
Os olhos estavam inchados. Inchados de tanto chorar. Inchados de tantas lágrimas e lágrimas e lágrimas. Muitas lágrimas. Lágrimas doloridas, lágrimas de paixão, lágrimas de porradas.
E, coitada, ela não se importava em tentar acertar. Não, definitivamente ela não se importava.
Ela se importava e ficava cansada de SEMPRE, mas SEMPRE mesmo, ficar tão machucada.
Este era o maior problema. Ficar sempre tão machucada, mesmo por alguém que não valia sequer um cobre, por alguém que não valia sequer um "e".
Mas ela sempre se machucava e ficava sozinha na noite, sofrendo em silêncio.
E o quarto, naquela madrugada, era o seu ambiente. Depois dos bares, dos clubes, dos amigos, da noite, do fim, havia apenas ela e o seu pequeno quarto.
E dentro dele, segura e assim que chegou, ela despejou o mundo no carpete vermelho puído. Despejou o mundo sobre o carpete. Despejou o melhor do seu mais recente fracasso.
As lágrimas se confundiam com a saliva e, puta, ela gritou como há tempos não gritava antes de dar uns dois ou três socos furiosos no armário de cds.
A dor apenas aumentou.
Ficou triste ao ver o seu cd do Joy Division no chão, parcialmente fodido, quase destruído.
E ele era tão especial.
O cd, que fique bem claro. Não aquele idiota por quem ela estava chorando.
Colocou o cd no player naquele momento.
Aos primeiros acordes, resolveu dançar.
Dançar para não dançar.
Dançar para ser feliz.
Dançar para exorcizar.
Dançar para poder acalmar a vida.
Dançar para poder acalmar o espírito.
Dançar furiosamente por um único motivo: não ter mais fôlego para poder chorar.
E enquanto o modo repeat do cd player repetia exaustivamente Love Will Tear Us Apart, ela percebeu que estava cansada de se foder.
Cansada de tanta falta de auto estima.
Cansada.
Muito cansada.
E no começo da manhã, quando o sol, cruel apareceu, não havia mais fôlego para a dança.
Para as lágrimas e a dor, no entanto, o fôlego estava lá.
Como sempre.
Como sempre na vida daquela menina linda.
Como sempre e sempre e sempre, para todo o sempre...
até ela decidir que não...
até ela decidir...
sozinha
...
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