Pular para o conteúdo principal

AGORA SIM TUDO FICA MAIS LEVE


Ele acordou de madrugada, ao som de trovões.
Prenúncio de chuva.
Prenúncio de tempestade.
Prenúncio de tudo mais.
Ele acordou de madrugada, ao som de trovões
Fortes.
Intensos.
Assustadores.
Ele acordou suado, nervoso, assustado.
Pulou do sofá.
Desespero e vontade de gritar.
Sem som.
Sem nada.
Nada conseguiu sair.
Sorte dos vizinhos e da noite.
Ele se deu conta de que ela não estava lá.
Não mais.
Nem na cama e nem noutro sofá.
Foi embora.
Partiu.
Sumiu.
Há tempo suficiente de ele perceber.
Perceber.
Os trovões continuavam.
A chuva?
Briosa e paciente, teimava em começar.
Não.
Ainda não.
Ele decidiu não mais dormir.
Ao menos naquele momento.
Acendeu um cigarro.
Completou um copo de vodka e manteve a luz apagada.
Sem luz.
Sem som.
Sem ela.
Sem sentimento.
Ele.
E de todos os seus arrependimentos, o mais grave era não ter se despedido de forma adequada.
Não ter se despedido com um baile com ela ao som de The Clash.
Ao contrário.
O único baile que restou foram palavras rudes e sentimentos ruins.
Nada como deveria.
E após mais um gole ele percebeu que a chuva havia começado a cair.
Agora sim, tudo estava mais leve.
Muito mais leve...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
DETESTANDO SÁBADOS, DOMINGOS, SEGUNDAS, TERÇAS... POR FAVOR, USE OS HEADPHONES (TORI AMOS – I DON´T LIKE MONDAYS) Ele estava sem muito saco naquela noite de sábado, mas, ainda assim, graças à insistência deles, resolveu sair com os seus amigos para beber, dançar, conversar, fumar, enfim, viver uma típica noite de sábado como faz todo ser humano que está...vivo. E, ainda que não fosse esse exatamente o seu caso, lá foi ele, mais uma vez, ao Clube Varsóvia, para sentar e fumar um Marlboro atrás do outro, enquanto os seus amigos dançavam e se embriagavam. E enquanto a música preenchia o ambiente de modo devastador e o álcool começava a cumprir o seu papel de desinibidor supremo, ele fez exatamente como a sua mente solitária havia, cruel e repetidamente, planejado antes da chegada dos seus amigos. Ficou prostrado em uma cadeira nada confortável do Varsóvia, ouvindo o som e apenas olhando a diversão, como se ela não lhe fosse jamais permitida. Mas o acaso conspira. Entre

Brindando Palavras Repetidas

  leia e ouça: richard hawley || coles corner - Você é repetitivo. Ele a olhou com uma surpresa muda,  - Você é muito repetitivo - ela disse, certeira, sabendo que o havia atingido em seu ponto mais fraco, mais vulnerável, mais dolorido. Não sorriu. Ele a olhou com certa surpresa sabendo que, no fundo, ela estava certa - Como assim? - perguntou, querendo ter certeza. - Repetitivo. Repetitivo. Você usa as palavras de forma inconsequente e repete sempre as mesmas coisas. Faz isso o tempo todo. - Faço? - ele disfarçou. Ela então sorriu levemente - Claro que faz. Mas o que me deixa ainda mais fascinada é esta sua cara de pau. Você sabe que é assim, desse modo, desse jeito e ainda assim continua nesta direção. Ele fingiu indignação, mas por puro orgulho. Ela estava absolutamente certa. Ele tomou um gole do que estava bebendo e ficou quieto, esperando a próxima porrada. - Não? Você não sabe disso? - ela insistiu. - Talvez - admitiu, sem admitir. - Então, por que você não tenta mudar? - Você