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NOITE DE CHUVA

E ela chorava como uma criança mimada.
Uma tola criança.
Mimada.
Como sempre foi.
Sempre foi.
Nem a vodka e nem a maconha e nem todas as pílulas a ajudavam mais.
Nada.
Nada mesmo.
Nem a vodka e nem a maconha e nem todas as pílulas.
E ela chorava encostada na parede com seu cigarro vagabundo acesso entre seus dedos, mas nada a ajudava.
Apenas o copo na outra mão.
Gordo.
Repleto.
Insano.
Lá fora havia a chuva.
Chuva?
Sim.
Uma porra de um temporal insano.
Absolutamente fora de época, fora de contexto, fora de situação.
Fora de estação.
Mas adequado à ela.
Absolutamente adequado.
Gotas de celebração.
Fumaça de cigarros ruins.
Hálito de bebida barata.
Vontade de beijos bons.
Lindos.
Generosos.
Corações ensanguentados, mas não.
Cinzas.
Poeira.
Noite.
Chuva.
E gota gordas.
Apenas mais uma noite naquele apartamento horrível.
Mais uma noite.
Mais uma noite.
O lar dela.
O lar dela.
Lar?
Coração?
Amor?
Lar?
O amor?
Está lá fora.
Sempre está lá fora.
Com alguém.
Com alguém.
Nem sempre com você.....
Nem sempre...

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