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SADOMASOQUISMO II



- Camila? – ele perguntou direto. Incisivo.

Ela olhou meio sem jeito, meio sem paciência, muito sem saco, repleta de vodka barata e energético na cabeça. A música alta do Clube Varsóvia também não ajudava nada. Nada mesmo.

- Você é quem? – ela perguntou sem o menor saco.

Ele a olhou com carinho e ternura, acendeu um cigarro e tomou um gole de cerveja. Nada disse.

- Vai ficar aí fumando e bebendo como um imbecil? – ela disse, grosseira – Como sabe meu nome? – perguntou impaciente.

- Você é bonita – ele disse.

- Como sabe meu nome seu imbecil? – ela insistiu.

- Amiga em comum. Não vou dizer quem.

- Quem?

- Jaden Smith? Conhece?

Ela bufou com raiva e disse – Músico imbecil. Não é meu amigo. Idiota.

Ele sorriu e deu uma tragada longa no seu Marlboro.

Ela nada respondeu. Ela adorava seduzir e destruir. Adorava. Seduzir e destruir era o seu maior prazer.

A idéia de ter um poder quase sobrenatural sobre todos os homens a enlouquecia, a envaidecia, a excitava, a deixava má, cruel, sarcástica, fria, insensível. Ela adorava seduzir e destruir. Adorava. A volúpia de seus desejos era quase inacreditável. Quase inacreditável. E por isso mesmo ela sempre pensou que conseguiria alcançar todos os seus objetivos e ser poupada de todo o tipo de dor, apenas seduzindo e destruindo. Apenas seduzindo e destruindo com os seus lindos olhos esverdeados e suas longas unhas vermelhas, sua tatuagem discreta, suas botas de couro, seus decotes generosos, seus cigarros sujos de batom, seus copos de vodka e seus delírios insanos.

Mas, é óbvio, sempre óbvio, que todos podemos cometer erros.

E, infelizmente, para ela, cometeu mais um. Mais um...

Qual?

Ficou sem palavras. Sem argumento algum. Diante dele não sabia o que dizer, como se defender.

Ele, apenas sorriu.

Ela? Apenas ficou estática.

Ele roubou um beijo longo dos seus lábios vermelhos e quentes.

Ela deixou.

Ele virou-se e foi embora.

Ela ficou ali.

Perplexa e querendo mais, muito mais.

Simples assim.

Simples?

Nunca....

Comentários

Anônimo disse…
"E, no fundo, quem não quer recomeçar alguma coisa em anos bissextos?" rsss

- Smalltown girl.

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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
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