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BALÕES COLORIDOS. APENAS BALÕES COLORIDOS...

- Balões coloridos? Adoro balões coloridos – uma voz masculina disse atrás dela, enquanto ela esperava para entrar no Clube Varsóvia. Ela virou-se, de imediato, apenas para saciar a sua curiosidade e saber quem tinha dito aquilo a ela. Espantou-se por ele ser tão bonito. Parecia uma espécie de rock star adoravelmente decadente, vestindo uma calça jeans suja e desgastada e uma camiseta idem. Mas era bonito ainda assim. Ela o olhou por alguns segundos e decidiu responder.
- Que bom que gosta. Minha mãe costuma dizer que eu tenho ótimo gosto – disse, irônica.
Ele sorriu e retrucou – Tem mesmo. Pode apostar. Festa especial hoje, né?
- Você conhece a Carlinha? – ela perguntou.
- Não. Eu freqüento sempre aqui e sabia que ia rolar uma festa bacana hoje.
- É. A Festa dos Balões Coloridos. Aniversário de uma amiga e ela bolou o tema. O pessoal do Clube topou a idéia e lá vamos nós. Todos carregando pencas de balões coloridos. E lá dentro vai estar assim. Centenas de balões.
- Os balões ficam lindos nas suas mãos – ele interrompeu, com um sorriso bonito.
Ela o olhou surpresa e respondeu – Perdão?
- Eu disse que os balões ficam lindos nas suas mãos. Os balões ficam ainda mais bonitos com alguém tão interessante como você os segurando. Aposto que nenhum lá dentro vai estar assim.
- Obrigado – ela disse, completamente sem graça – Generosidade sua. Talvez seja porque você adora balões coloridos. Somente isso.
- Não. Talvez porque eu simplesmente sei reconhecer uma mulher linda quando vejo uma. Empreste-me um balão? Eu já volto – ele pediu, sumindo dentro da banca de flores que ficava na esquina do Clube.
Voltou minutos depois, com um discreto lírio branco grudado ao balão colorido – Tome – ele disse – Aliás, deixe-me prender o balão em seu punho – pediu, enquanto amarrava suavemente a corda em torno do seu pulso.
- O que você está fazendo? – ela perguntou.
- Apenas tomando cuidado para não perder de vista, durante a festa, o balão mais bonito de todos. O balão mais bonito que já vi.
Ela olhou fixamente em seus olhos e disse, feliz – Não se preocupe. Apenas não se preocupe...



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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
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