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ENTRE SORRISOS E ENGANOS E NEW ORDER

- Não acredito – ela disse, toda feliz, apontando seu dedo, gracioso, em sua direção.
- Pára Anne. Qual o problema? – respondeu, quase-bravo, Edu.
- Você está feliz. Você está sorrindo. Não acredito – ela disse, provocativa.
- Pirou de vez? Eu não posso sorrir? É crime agora, nessa porra de país, estar feliz? – ele disse, agora já todo-bravo.
- Não querido – ela brincou – É óbvio que não é crime sorrir e ser feliz e o caralho, mas é que você parece fazer questão de evitar todas essas coisas boas da vida. Você parece ter uma obsessão mórbida pela tragédia, pelo drama, pelo choro, pelo sofrimento, por tudo o que não vale a pena. Assim, eu fico feliz para caramba ao pegar você, todo desarmado, rindo. E rindo sozinho, sabe Deus por qual motivo.
- Eu não estava sorrindo porra. Que saco essa sua mania de querer adivinhar as coisas.
- Hey, comporte-se rapaz. Que vocabulário é esse? – disse Anne, fingindo rigidez.
- Desculpe Anne. Desculpe. Mas eu não estava rindo ou sorrindo de nada. Eu só estava lembrando...
- Não acredito – ela gritou, interrompendo.
- Que foi agora? – ele disse, já perdendo as esperanças de ter uma noite tranqüila no Clube Varsóvia.
- Você está apaixonado? – ela afirmou, certa disso.
- Eu? Apaixonado? Vá se fod...
- HaHaHaHa – ela gargalhou – Você está completamente apaixonado. E posso apostar que é pela Mariana. Acertei?
- Esquece – ele respondeu, irritado.
- Relaxa Edu. A paixão é boa. Você nem imagina como eu adoro te ver assim. E a Mariana é linda. Tem tudo a ver contigo. Relaxa e aproveita, mas fala com ela né? Ela não vai adivinhar que você está enlouquecido por ela.
- Não entendi. Você adora me ver “assim” como? – ele não resistiu à curiosidade.
- Feliz. Apenas feliz...espera aí. Vou dançar e já volto – ela disse, saindo da mesa e indo em direção à pista, chacoalhando ao som do New Order que o DJ maravilhoso acabara de colocar.
Ele apenas a observou e, enquanto acendia um Marlboro pensou, contrariado – Se você soubesse por quem estou apaixonado porra...se você soubesse...

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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,