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IF YOU ARE LONELY YOU CAN TALK TO ME

- Tudo bem? – ela disse logo após ter percebido o seu “alô” fraco, triste e preocupante ao telefone.
Após breves momentos de silêncio, ele respondeu - Não deveria estar tudo bem? Não entendo a sua pergunta.
Ela respirou profundamente e disse, com a voz ligeira, com a voz irritada, com a voz mais protetora do mundo – Porra João, mas você é um filho da puta, sabia? Um idiota. Pára de achar que o mundo conspira contra você e que tudo o que você merece é pena das pessoas. Eu jamais vou te dar toda essa atenção que você quer. Ainda não esqueceu aquela vaca?
- Não me recordo em que parte você entra na história, ou melhor, não sei o que você tem a ver com tudo isso – ele disse, nervoso.
- Eu tenho a ver com isso porque sou sua amiga, porra – ela gritou – Eu tenho a ver com isso porque ainda penso em você e ainda me importo com você, mesmo você fazendo a maior questão de ignorar tudo isso. Quando você vai crescer e perceber que o mundo, definitivamente, não gira ao seu redor. É difícil perceber isso? Ela parou e percebeu o choro abafado dele, cortando o silêncio.
- Desculpe – ele disse, ofegante.
- Relaxa. Me diz, o que vai fazer essa noite? – ela perguntou.
- Noite? Já são quatro horas da madrugada.
- Então? Já ouviu que a noite nunca termina? – ela disse, rindo.
- Vou dormir. Apenas dormir e tentar sonhar um pouco.
- Eu vou sair para dar umas voltas, tomar alguma coisa. Qualquer coisa me liga, por favor? – ela pediu, com a voz doce.
- Pode deixar. Eu ligo sim.
- Bem, vou indo. Amanhã nos falamos.
- Lê? – ele disse.
- Fala.
- Sabe como eu me sinto?
Ela não respondeu
- Me sinto como uma criança com medo. Totalmente machucada. Por isso é difícil dormir no escuro. Somente por isso. Me desculpe.
- If you´re lonely, you can talk to me – ela cantarolou, baixinho, lembrando daquela velha canção dos Beatles.
- O quê? – ele perguntou.
- Nada. Apenas uma canção de ninar. Apenas uma canção de ninar. Durma bem...



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NUCA

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DETESTANDO SÁBADOS, DOMINGOS, SEGUNDAS, TERÇAS... POR FAVOR, USE OS HEADPHONES (TORI AMOS – I DON´T LIKE MONDAYS) Ele estava sem muito saco naquela noite de sábado, mas, ainda assim, graças à insistência deles, resolveu sair com os seus amigos para beber, dançar, conversar, fumar, enfim, viver uma típica noite de sábado como faz todo ser humano que está...vivo. E, ainda que não fosse esse exatamente o seu caso, lá foi ele, mais uma vez, ao Clube Varsóvia, para sentar e fumar um Marlboro atrás do outro, enquanto os seus amigos dançavam e se embriagavam. E enquanto a música preenchia o ambiente de modo devastador e o álcool começava a cumprir o seu papel de desinibidor supremo, ele fez exatamente como a sua mente solitária havia, cruel e repetidamente, planejado antes da chegada dos seus amigos. Ficou prostrado em uma cadeira nada confortável do Varsóvia, ouvindo o som e apenas olhando a diversão, como se ela não lhe fosse jamais permitida. Mas o acaso conspira. Entre

TO THE END

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