Pular para o conteúdo principal

PROBLEMS É O NOME DE UMA CANÇÃO DOS SEX PISTOLS. E NADA MAIS. NADA MAIS.



Filosofia de boteco. No caso filosofia do Varsóvia. O Clube.

- O problema do mundo são as pessoas. Os problemas do mundo são causados pelas pessoas. Sempre. Sempre as pessoas. Os relacionamentos, a política internacional, a economia, a internet, enfim, tudo, tudo o que importa e nos move nesta vida, mas.... principalmente os relacionamentos. Esses são foda. Muito foda – ela ressaltou – Sempre os relacionamentos. Temos que perceber e notar que não há mais um David Bowie vivo no mundo e nem um Prince. Não. Não há. Infelizmente. Muito infelizmente – ela disse, completamente chapada, completamente tonta, completamente ela, não sem antes de fechar os olhos e dar uma bela e forte tragada do seu cigarro mentolado. E, óbvio, um gole a mais de sua Margarita. Forte. Deliciosa. Verão.

E ele sorriu.

Apenas sorriu.

Sorriu como um bobo. Um imbecil encantado. Um imbecil apaixonado.

A música alta do novo DJ do Clube Varsóvia confundia e afetava os pensamentos e misturava felicidade, prazer, alegria, esperança, cores, desejos, delírios e outras coisas.

Muitas outras coisas.

Muitas outras.

Coisas.

Tudo confuso.

Todo confuso.

Ele.

Um caleidoscópio de ideias e pensamentos distorcidos e desconexos.

Desconexos.

Entorpecidos.

- E mais um ano começou – ele disse de forma imbecil e imatura antes de virar mais um copo de Margarita – Mais um ano, quem diria – insistiu sem vergonha de ser tão estúpido - E minha conta bancária continua no vermelho, sem nenhuma perspectiva razoável para o ano que chega. Nenhuma – emendou.

Ela sorriu e percebeu que além de tolo ele era bem... gentil.

Boa pessoa.

Bobo, mas uma pessoa boa.

Uma pessoa boa, apesar das bebidas baratas, do sexo não usual, das drogas vulgares e da total falta de talento com as mulheres. Total falta de talento.

Uma pessoa... boa.

Isso.

E tola.

Uma pessoa tola por achar razoável acreditar que era pior que os outros.

Tola por achar razoável acreditar que não sabia das coisas mais básicas.

Tola por achar razoável acreditar que não era capaz de nada.

Mas ele era.

Ele era.

E muito.

Muito mesmo.

Muito mais do que pensava.

Tolo.

E ele respondeu devagar – Pensando bem, mas muito bem mesmo, o problema do mundo não são as pessoas – disse direto, não sem antes dar uma bela e forte tragada roubada do cigarro dela, além de um gole da sua própria Margarita - O problema somos nós – ele prosseguiu – Nós. Nós causamos toda esta confusão – Apenas nós. Problems é o nome de uma canção dos Sex Pistols. Uma deliciosa canção dos Sex Pistols. E nada mais. Nada mais.

- Você está bêbado? - ela perguntou direta, seca e reta.

Ele sorriu e depois de mais um gole profundo de Margarita – a sua própria - apenas respondeu – Como não estar?

E enquanto terminava suas últimas palavras a contagem regressiva começou ao fundo, a música abaixou e os fogos – lá fora - começaram a estourar.

Ano novo?

Ano novo.

- Seja feliz – ele disse, meio tímido.

Ela sorriu e apenas respondeu com um lindo sorriso no rosto - você também. Seja feliz. E espero que comigo – completou linda, sarcástica, irônica, bela e tudo o mais.

Os fogos?

Continuaram.

E esconderam de forma bárbara o ritmo das batidas do coração de ambos.

O ritmo insano do coração de ambos.






 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
DETESTANDO SÁBADOS, DOMINGOS, SEGUNDAS, TERÇAS... POR FAVOR, USE OS HEADPHONES (TORI AMOS – I DON´T LIKE MONDAYS) Ele estava sem muito saco naquela noite de sábado, mas, ainda assim, graças à insistência deles, resolveu sair com os seus amigos para beber, dançar, conversar, fumar, enfim, viver uma típica noite de sábado como faz todo ser humano que está...vivo. E, ainda que não fosse esse exatamente o seu caso, lá foi ele, mais uma vez, ao Clube Varsóvia, para sentar e fumar um Marlboro atrás do outro, enquanto os seus amigos dançavam e se embriagavam. E enquanto a música preenchia o ambiente de modo devastador e o álcool começava a cumprir o seu papel de desinibidor supremo, ele fez exatamente como a sua mente solitária havia, cruel e repetidamente, planejado antes da chegada dos seus amigos. Ficou prostrado em uma cadeira nada confortável do Varsóvia, ouvindo o som e apenas olhando a diversão, como se ela não lhe fosse jamais permitida. Mas o acaso conspira. Entre

Brindando Palavras Repetidas

  leia e ouça: richard hawley || coles corner - Você é repetitivo. Ele a olhou com uma surpresa muda,  - Você é muito repetitivo - ela disse, certeira, sabendo que o havia atingido em seu ponto mais fraco, mais vulnerável, mais dolorido. Não sorriu. Ele a olhou com certa surpresa sabendo que, no fundo, ela estava certa - Como assim? - perguntou, querendo ter certeza. - Repetitivo. Repetitivo. Você usa as palavras de forma inconsequente e repete sempre as mesmas coisas. Faz isso o tempo todo. - Faço? - ele disfarçou. Ela então sorriu levemente - Claro que faz. Mas o que me deixa ainda mais fascinada é esta sua cara de pau. Você sabe que é assim, desse modo, desse jeito e ainda assim continua nesta direção. Ele fingiu indignação, mas por puro orgulho. Ela estava absolutamente certa. Ele tomou um gole do que estava bebendo e ficou quieto, esperando a próxima porrada. - Não? Você não sabe disso? - ela insistiu. - Talvez - admitiu, sem admitir. - Então, por que você não tenta mudar? - Você