Ela não sentia mais
saudades.
Nenhuma.
Nenhuma saudade.
Do que viu, do que
ouviu, do que viveu, enfim, dele.
Apenas sem mais saudade.
Principalmente dele.
Do que ele foi.
Do que ela foi.
Do que eles foram.
Beijos bem grudados.
Roupas bem arrancadas.
Palavras mal sussurradas.
Sem saudades.
Sem saudades do que
eles foram.
E ainda eram.
Mas, na verdade,
ela ainda tinha uma saudade escondida.
Saudades dela
mesma.
A menina charmosa
de cabelo colorido e repleta de esperança que ela sempre foi.
Que ela sempre
foi.
Antes de o coração
se destroçar.
Sem saudades?
Fazer o quê?
Tomar uma bebida
e fumar um bom cigarro.
Ainda mais numa
noite de chuva no Clube Varsóvia.
Ainda mais assim.
Numa cinzenta
noite de chuva no Clube Varsóvia.
Apenas sem saudades...
Sem saudades...
E enquanto isso
as meias coloridas voam janela abaixo.
...
Janela abaixo.
Comentários