Ela gostava de provocar e seduzir.
Ele não.
Não mesmo.
Odiava sentir-se provocado e seduzido.
Tédio e raiva.
Ainda mais aos sábados a tarde.
Ainda mais...
Mas a amava ainda
assim.
Sabendo da maldade
dela.
Mesmo sabendo da
maldade dela.
Ela gostava de provocar e
seduzir.
Ele não.
Não mesmo.
Ela se gabava de
ler todos os seus textos e apontar erros, mas nunca o fazia.
Nunca.
E ele sabia
disso.
Sabia.
Definitivamente.
Não havia
leitura.
Nenhuma.
Nenhuma.
E ele não se
incomodava.
Não mesmo.
Não importava mais.
Ela gostava de provocar e
seduzir.
Ele não.
Não mesmo.
E sozinho naquele
bar, tragando seu milésimo Marlboro ele percebeu que era apenas mais uma tarde.
Mais uma tarde.
Como todas as
outras.
Como todas as
outras tardes inúteis que ele sempre teve.
Todas as tardes
de sábado.
E tocava Cólera
no alto falante daquele boteco.
Ironia.
Pura ironia.
Mas ela não
viria.
Definitivamente não.
Definitivamente não.
Nada demais.
Nada demais.
Apenas uma tarde
comum.
Como ele conhecia
muito bem.
Muito bem.
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