Ele queria estar em
um réveillon de 1996 ou sei lá que ano.
1996?
Tempo para caralho.
Para caralho.
Melhor escolher
outro ano.
Outro réveillon.
Outros desejos.
Outros sonhos.
Mais novos, mais
reais, mais concretos, mais palpáveis, apesar de que sonhos nunca são novos,
reais ou muito menos concretos ou palpáveis.
São apenas sonhos.
Apenas sonhos.
Ele queria estar em
algum lugar naquela noite.
Qualquer lugar.
Menos no Clube Varsóvia.
Palco de tantas
bobagens dele e dela.
Cigarros mal
tragados.
Bebidas mal
tomadas.
Bobagens
sonoramente bem ditas.
Sempre.
Mas ele estava lá.
Sempre lá.
Sempre no Clube
Varsóvia.
Como sempre.
Ele queria estar em
um réveillon de 2001 ou sei lá que ano.
2001?
Tempo para caralho.
Para caralho.
Melhor escolher
outro ano.
Outro réveillon.
Outros desejos.
Mas ele estava lá.
Clube Varsóvia.
Para não variar.
Cenário de tantas
bobagens dele e dela.
Dos dois.
Cigarros mal
tragados.
Bebidas mal
tomadas.
Bobagens sonoramente
bem ditas.
Sempre.
E ele estava lá.
No Clube Varsóvia.
Como sempre.
E como diz aquela
letra daquele velho rock “raiva é uma
energia”.
Muita energia.
E ninguém toca
violoncelo a toa.
Ninguém.
Raiva é uma
energia.
E os violoncelos
também.
Outro réveillon.
Outros desejos.
Nenhum outro
violoncelo.
Mas ele estava lá.
Clube Varsóvia.
Cenário de tantas
bobagens dele e dela.
Dos dois.
Cigarros mal
tragados.
Bebidas mal
tomadas.
Bobagens bem ditas.
Acordes mal
tocados.
Sempre.
E ele estava lá.
No Clube Varsóvia.
Como sempre.
E a chuva caindo lá
fora.
E ele?
Bebendo vodka e querendo,
na verdade, saber tocar guitarra, mas sem guarda chuva, as usual.
Sem guitarra e sem
guarda chuva.
Sozinho como
sempre.
Como sempre.
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