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RECONQUISTA

Talvez esteja tudo sob controle – ele pensou, tenso, enquanto tomava um gole de vodka - Mas talvez não. Talvez eu tenha me atrapalhado, me precipitado, feito um julgamento totalmente errado do que eu era ou não capaz de fazer – continuou, enquanto andava pela sala, em círculos, segurando o copo de vodka – Caralho, será que ninguém pode explicar como agir, como fazer as coisas direitas, ao menos uma vez nessa droga de vida. Será que eu nunca vou acertar uma? Uma só? – ele prosseguiu, quase chegando ao desespero. Até que o interfone tocou. Ele correu para a cozinha e atendeu rápido, quase gritando e ofegante:

– Quem é?
- Oi Sr. Marcelo. Correndo? – perguntou o porteiro, velho conhecido dele.
- Quem é?
- A Dona Vanessa. Ela pode subir?
- Pode. Claro.
- Ótimo.

Assim que desligou o interfone, ele deixou de lado o copo de vodka. Correu em direção ao espelho para dar uma última ajeitada nos poucos cabelos. Respirou fundo e pensou, com esperança e com os olhos quase cobertos de lágrimas – Preciso reconquistá-la, preciso reconquistá-la, por mais difícil que seja pedir desculpas do alto dos meus sessenta e poucos anos...


Comentários

Anônimo disse…
intiresno muito, obrigado

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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,