Ele tinha medo dela. Muito medo. Na verdade, ele tinha medo,
porém não medo dela propriamente dita. Ele tinha medo dele mesmo. Medo de fazer
as mesmas besteiras que fez no passado, medo de cometer os mesmos erros que
cometeu no passado, medo de ela perceber o quão babaca ele era, medo de ela
realmente perceber o que ele era. Um idiota. Um verdadeiro idiota e um estúpido
sem autoestima. Um bobo inseguro. Ele tinha medo dela percebê-lo. Medo de falar
com ela. Medo de ela perceber, no seu tom de voz, a sua insegurança. Medo de
ela perceber, no seu tom de voz, sua falta de coragem. Ele tinha medo de falar
com ela. Deus, ele era mais velho. Como uma menina, tâo mais jovem, tão menos
vivida, porém não menos experiente, podia desorientá-lo assim? Ele não sabia.
Apenas ficava ainda mais inseguro. Sentia apenas medo. Muito medo. E o suor
frio, sempre, escorria da sua testa durante as madrugadas quentes de verão. Imbecil insone. Imbecil ínsone...
Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios. ...
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