Pular para o conteúdo principal

JASMIM E UM SOFÁ VERMELHO


Ela era puro jasmim. Puro jasmim. Seu sexo exalava jasmim. Seu quadril tinha este aroma. Doce, lindo, delicado. Ele adorava. Adorava estar perto dos seus quadris e do seu cheiro de jasmim.
- Você faz o que da vida mesmo? – ele perguntou como se já não soubesse.
- Escrevo e faço outras coisas. Não te interessa, suponho – ela respondeu – Advogados escrotos não se preocupam com isto.
- Hmmm, escritora? Elitista, não? – ele zombou – Num país como o nosso você é “escritora”. Legal. O banco deve adorar seu lado social e seu limite de crédito.
Ela mostrou a ele o dedo médio enquanto tragava seu Marlboro e dava, depois, um gole da sua vodka.
Ele sorriu. Nada disse.
- Elitista o cacete – ela finalmente respondeu enquanto a vodka ainda descia ao estômago e aquecia o seu coração. Faço outras coisas. Sociais, inclusive. Nada que lhe diz respeito. Ajudar pessoas. Coisas que você desconhece.
Ele sorriu e continuou trolando – Ah, social. Sei. Escritora e gosta e ajuda pessoas. Ajuda o próximo. Você deve ser muito mala sabia? – brincou – Tipo de pessoa que não existe. Não existe mais.
- Quem sabe? Tem quem goste imbecil – respondeu – tem muita gente que gosta.
- Perdendo a linha senhorita? – ele zombou.
- Você me irrita. Provoca demais e faz de menos – ela disse – Você merece pastar.
- Você parece gostar de provocações. Parece sim – brincou.
- Vá se foder – ela disse.
- Vamos? – ele respondeu – Agora?
A noite? Bem, a noite como começou no Clube Varsóvia, cheia de provocações, vodkas, Marlboros e provocações, terminou em um sofá vermelho, na casa dela, com muito soul dos anos sessenta no aparelho de som e muito sexo, mas muito sexo e paixão e aroma de jasmim.
Tudo em cima de um sofá vermelho.

Jasmim? Bem, ele amava o perfume de jasmim que exalava dos quadris daquela pequena moça. Simplesmente amava...





Comentários

Lô disse…
Aaahhhhh.... que sofá é esse???!!!!! =)))
Lorraine disse…
Muito parado isso aqui, senhor escritor....!!!! =)

Postagens mais visitadas deste blog

NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.

Brindando Palavras Repetidas

  leia e ouça: richard hawley || coles corner - Você é repetitivo. Ele a olhou com uma surpresa muda,  - Você é muito repetitivo - ela disse, certeira, sabendo que o havia atingido em seu ponto mais fraco, mais vulnerável, mais dolorido. Não sorriu. Ele a olhou com certa surpresa sabendo que, no fundo, ela estava certa - Como assim? - perguntou, querendo ter certeza. - Repetitivo. Repetitivo. Você usa as palavras de forma inconsequente e repete sempre as mesmas coisas. Faz isso o tempo todo. - Faço? - ele disfarçou. Ela então sorriu levemente - Claro que faz. Mas o que me deixa ainda mais fascinada é esta sua cara de pau. Você sabe que é assim, desse modo, desse jeito e ainda assim continua nesta direção. Ele fingiu indignação, mas por puro orgulho. Ela estava absolutamente certa. Ele tomou um gole do que estava bebendo e ficou quieto, esperando a próxima porrada. - Não? Você não sabe disso? - ela insistiu. - Talvez - admitiu, sem admitir. - Então, por que você não tenta mudar? - Você

PASSE-ME O SAL PARA EU BOTAR NA SOBREMESA?

- Não há nada a desculpar – ele disse pouco tranquilo, muito mentiroso, entre os copos de vodka, as mesas e o barulho do Clube Varsóvia, tentando desviar do olhar adorável, inesquecível e maravilhoso daquela garota à sua frente. Ele a amava. Ela o olhou com ternura e amizade e fez um carinho breve e gentil no seu cabelo. Por instantes, breves instantes, ela lembrou de todo o afeto e paixão que sentiu por ele no passado. Todo o carinho, o afeto e o amor que sentiu por ele em um passado não tão distante. Como foram felizes. - Fica tranquila – ele disse e continuou - Nada a desculpar mesmo. Tudo em ordem do meu lado – ele prosseguiu – Você gosta de MPB mesmo. Eu detesto – completou, com um sorriso. - Você mente mal. Muito mal mesmo sabia? Quase um canastrão – ela brincou e continuou – Esqueceu que te conheço há um tempinho? - Muito tempo? – ele perguntou, tentando disfarçar, enquanto acendia um Marlboro – Dentre as mentiras da vida, duas nos revelam mais – recitou, citando a antiga c