- Você gosta de confetes, não? – ele perguntou sacana.
Ela apenas respondeu com um sorriso e concordou com a cabeça.
Tomou um gole da sua cerveja e nada disse. Ela era linda.
- Você é um enigma – ele disse – Me faz gostar de MPB, me faz
querer entender MPB, ouvir coisas que eu nunca ouvi ou nunca quis ouvir antes,
me faz TENTAR não ter medo de espíritos, orixás, entidades, ou whatever. Você
me fode. Me fode demais, sabia? Não sei em qual cilada caí – brincou.
Ela respondeu com um sorriso ainda maior. Estava feliz demais.
E o Clube Varsóvia estava lotado.
Lotado demais.
Lotado de não amantes do carnaval. Lotado de corações solitários
e também, como não, de corações apaixonados.
- Sabe de uma coisa? – ela perguntou séria, com um lindo sorriso
no rosto. Ela brilhava demais.
- Diz – ele respondeu curioso – Pode dizer. De você espero
apenas delícias, coisas boas e palavras de afeto. Do contraio não diz nada.
Manda. Manda ver. Beijos e balas trocadas não doem – ele brincou.
- Você é um tremendo de um bobo que eu adoro, sabia? Um besta.
Um “valentão” de idade avançada que se acha muito maduro, mas morre de medo de
uma menininha com metade da sua idade que consegue quebrar as suas pernas e o
seu coração. Morre de medo. Medroso.
Ele engoliu seco. Acendeu seu Marlboro e tomou um gole de
cerveja. Sorriu sem graça.
- Acertei? – ela perguntou – Em cheio, né? Imbecil.
Ele sorriu e concordou com a cabeça. Amava demais aquela menina
e se intimidava com ela.
- Pára de ter medo – ela pediu – Pára. Vamos ser felizes? Pode
ser?
Ele concordou.
- Vou tentar – respondeu tímido.
E beijaram-se no meio do Clube Varsóvia. Carnaval melhor não houve.
Longe do samba, suor e folia e perto demais de corações acesos e apaixonados.
Perto demais de corações acesos e apaixonados. Totalmente apaixonados.
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