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ELA SEMPRE ANDAVA DEVAGAR. SEMPRE DEVAGAR.


Ela andava devagar.
Sempre.
Caminhava lentamente mesmo sob a chuva.
Com seu delicioso guarda chuva amarelo.
Lindo.
Charmoso como ela.
Charmoso como tudo.
E como a chuva.
Apenas charmosa.
Mas ela andava devagar.
Sempre.
Lenta.
Caminhava lentamente mesmo sob a chuva.
Com seu delicioso guarda chuva amarelo.
Lindo.
Charmoso como ela.
Não se importava.
E fumava.
Um atrás do outro.
E parava nos botecos.
Um conhaque sempre é bom.
Dois ainda melhor.
E parar em botecos é bom.
Sempre alguém nota um guarda chuva amarelo em um boteco.
Sempre.
Ainda mais com ela.
Ainda mais com ela.
E ela andava devagar.
Sempre.
E fumava e bebia e caminhava.
Lenta.
Caminhava lentamente mesmo sob a chuva.
Com seu delicioso guarda chuva amarelo.
Lindo.
Charmoso como ela.
Charmoso como tudo.
A razão?
Não querer chegar a seu destino.
Não querer chegar.
Ou querer demorar.
Demorar muito.
Ainda que sob a chuva e sob o efeito de doses de conhaque e de nicotina.
Lindo guarda chuva amarelo.
Lindo.
Linda ela.
Linda.
Passo lento.
Corajoso.
Muito corajoso.
E um lindo guarda chuva amarelo.
Para aqueles dias de tormenta.
Muita tormenta.
Tormenta demais.
Mas ela andava lentamente e ia suportar.
Suportar e ser feliz.
Muito feliz.



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