Pular para o conteúdo principal

ELA SEMPRE ANDAVA DEVAGAR. SEMPRE DEVAGAR.


Ela andava devagar.
Sempre.
Caminhava lentamente mesmo sob a chuva.
Com seu delicioso guarda chuva amarelo.
Lindo.
Charmoso como ela.
Charmoso como tudo.
E como a chuva.
Apenas charmosa.
Mas ela andava devagar.
Sempre.
Lenta.
Caminhava lentamente mesmo sob a chuva.
Com seu delicioso guarda chuva amarelo.
Lindo.
Charmoso como ela.
Não se importava.
E fumava.
Um atrás do outro.
E parava nos botecos.
Um conhaque sempre é bom.
Dois ainda melhor.
E parar em botecos é bom.
Sempre alguém nota um guarda chuva amarelo em um boteco.
Sempre.
Ainda mais com ela.
Ainda mais com ela.
E ela andava devagar.
Sempre.
E fumava e bebia e caminhava.
Lenta.
Caminhava lentamente mesmo sob a chuva.
Com seu delicioso guarda chuva amarelo.
Lindo.
Charmoso como ela.
Charmoso como tudo.
A razão?
Não querer chegar a seu destino.
Não querer chegar.
Ou querer demorar.
Demorar muito.
Ainda que sob a chuva e sob o efeito de doses de conhaque e de nicotina.
Lindo guarda chuva amarelo.
Lindo.
Linda ela.
Linda.
Passo lento.
Corajoso.
Muito corajoso.
E um lindo guarda chuva amarelo.
Para aqueles dias de tormenta.
Muita tormenta.
Tormenta demais.
Mas ela andava lentamente e ia suportar.
Suportar e ser feliz.
Muito feliz.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,