Ele mal dormiu. Mal dormiu. Quando acordou e olhou no espelho
ficou assustado com as olheiras e o rosto inchado. Precisava trabalhar e se
sentia um lixo. Caralho. Durante a madrugada, virou-se de um lado para o outro,
de um lado para o outro, como um boneco, como se estivesse em um baile de
caranaval. A noite toda. A noite toda. Suado, molhado, exausto, ele não
conseguiu dormir. A sua testa (e o seu corpor) exalava calor. Não conseguiu
focar no simples ato de dormir. Não. Nem fodendo. Pensamentos, pensamentos e
pensamentos. Ah, malditos pensamentos, eles iam e vinham, infernizando e
atormentando a sua noite. Pensamentos proibidos como se mãos invisíveis
tocassem todo o seu corpo ao longo da madrugada. Ele delirou de prazer.
Delirou. Sorria e esquecia, totalmente, de dormir. Queria um gole de vodka. “O esforço para lembrar é a vontade de
esquecer”, lembrou da canção. Ela estava lá. Ele tinha certeza. Naquele
quarto. Seja em qual matéria, seja em qual forma, seja em qual estado, seja em
qual tipo de pensamento ou crença, ela ficou no seu quarto durante toda a
noite. Ele tinha certeza disso. Pobre rapaz. Dormiu, não dormiu, suou, acordou,
gozou, enfim, teve uma madrugada daquelas. Daquelas típicas de verão sem
chuva... porém com MUITO, mas muito suor e prazer. Pobre e feliz rapaz...
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