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ZODIAC


O calor estava inacreditável naquela pequena cama de solteiro naquele pequeno apartamento no centro da cidade. Inacreditável calor. Inacreditável química. Um casal apenas. Duas pessoas. Mais do que o suficiente para uma viagem ao paraíso. Duas pessoas, porém múltiplas línguas, beijos, toques, saliva, afeto, tesão, desejo, calor, e, claro, gozo. Muito gozo e calor. Calor demais embalado por toques suaves e precisos. Ela tinha uma pele de seda e um adorável cheiro de jasmim. Isso o enlouquecia. Ele? Uma pele brusca e um perceptível e definido cheiro de hortelã. Isso a enlouquecia. Tremia de prazer com a língua dele nos pontos certos. Ele tremia de prazer com os lábios dela nos pontos certos. E o calor? Continuava inacreditável. Dois corpos nus, suados, em transe, apaixonados. Dois em um. Únicos. Insanos. Apaixonados. Enlouquecidos.     

...

- Você não me disse uma coisa – ele perguntou com parte do corpo dela completamente nu e extenuado estirado sobre o seu peito.

Ela sorriu e disse sincera – Preciso dizer algo? Preciso mesmo? Não foram suficientes os gritos?

Ele sorriu de volta e insistiu – Não. É sério. Esqueci de perguntar algo muito importante.

- Mais importante do que tudo o que rolou? – ela perguntou.

- Não, mas importante anyway. Ao menos para mim. É bobagem, mas gosto.

- Diz – ela falou curiosa – Pode perguntar. Quer saber se eu gozei? Não deu para perceber? – disse com um sorriso sacana.

- Deixa de ser besta – ele disse e emendou - Qual o seu signo?

Ela levantou bruscamente o seu delicioso corpo nu e encarou aquele carinha à sua frente, quase sem acreditar na pergunta feita. Respondeu com desdém – Não vai me dizer que acredita nesta porra de signos e zodíaco, vai? – trolou.

Ele sorriu e disse – Sim. Acredito. 

- Não creio.

- Oras, eu acredito sim. Qual o seu signo?

- “Chuta” – ela desafiou.

- Não. Prefiro não “chutar”.

- “Chuta” – ela insistiu.

Ele olhou bem para ela e após momentos de silêncio disparou – Câncer?

Ela ficou arrepiada e sorriu um dos seus sorrisos mais lindos.

- Câncer? – ele insistiu.

- Como sabe seu filho da puta? – ela perguntou, dando um soco leve no seu peito nu.

Ele apenas sorriu. Nada disse.

- Como? Como sabe? Você já sabia? – ela perguntou.

- Claro que não. É apenas química senhorita protetora, carinhosa, simpática e emotiva. Amei ter acertado.

- Química? – ela perguntou.

- Química. Apenas química e cheiro de jasmim. Vem cá. Me dê um beijo agora. Por favor...por favor

E o calor? Continuou insuportável, porém ainda mais divertido...


CÂNCER

Dia perfeito para se recolher, contar histórias, relembrar o passado, cuidar da casa e dos afazeres domésticos. A Lua segue fora de curso em seu signo. Prefira a simplicidade e cuide dos assuntos que já conhece bem. Não é um bom período para tarefas complicadas, importantes ou que exijam concentração. Já no fim da tarde, a Lua ingressa em Leão: diversão e alegria ganham destaque”.






Comentários

Anônimo disse…
Lindo. Lindíssimo.

p.s.: e eu pego pesado nas imagens?? rsrs...

;)

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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,